Triglicerídeo elevado em crianças e adolescentes com transtorno do espectro autista: influência do interesse pela comida e do excesso de peso
Abstract
Estima-se que o Brasil possua cerca de 2 milhões de indivíduos com Transtorno do Espectro Autista. Os hábitos alimentares são formados por um conjunto de influências genéticas e ambientais. Existem evidências de que os metabolismos dos ácidos graxos desempenham funções essenciais na formação e funcionamento neuronal adequado. Níveis elevados de TG estão associados a baixos níveis de HDL-c e a altos níveis de partículas de LDL pequenas e densas podendo indicar hipertrigliceridemia levando a risco de doença aterosclerótica. O objetivo desse trabalho foi investigar a concentração sérica de triglicerídeos e sua relação com o comportamento alimentar de crianças e adolescentes com
Transtorno do Espectro Autista (TEA) atendidos no Sistema Único de Saúde, no sul do Brasil. Trata-se de um estudo transversal, realizado no período de outubro de 2018 a abril de 2019, em um Núcleo de Neurodesenvolvimento. Para avaliar o desfecho no presente estudo foi coletado uma amostra de sangue sem jejum e o soro utilizado para a dosagem da concentração sérica de triglicerídeos. E
determinada pelo método colorimétrico enzimático. Foi considerado ponto de corte para triglicerídeos elevado sem jejum de 0 a 9 anos ≥85mg/dl e de 10 a 19 ≥100mg/dl. Aos responsáveis foi aplicado o questionário Children’s Eating Behaviour Questionnaire. A normalidade do desfecho mostrou-se assimétrica, a comparação entre duas ou três categorias de variáveis foi realizada com testes não paramétricos. Utilizou-se regressão linear para avaliar a associação entre o logaritmo da concentração sérica de triglicerídeos e a mediana de pontuação das subescalas “resposta a comida” e “sobreingestão emocional”. Considerou-se diferença estatística significativa p<0,05. Sessenta pacientes foram avaliados, a média de idade foi de 8,6±3,2 anos, a maior parte da cor branca (75%), do sexo masculino (80%) e com excesso de peso (66%). Metade da amostra apresentou triglicerídeos elevados. A concentração de triglicerídeos foi maior entre crianças e adolescentes com excesso de peso e com maior mediana de pontuação nas subescalas “resposta a comida” e “sobre ingestão emocional”. Na análise ajustada a associação entre triglicerídeos e a maior pontuação nas subescalas
que refletem interesse pela comida manteve-se significativa. Crianças e adolescentes com TEA apresentaram concentrações elevadas de triglicerídeos associadas a um maior interesse pela comida. O conhecimento desse comportamento alimentar auxilia à intervenção nutricional mais efetiva a essa
população.
Collections
The following license files are associated with this item: