Narrativas quilombolas: outras histórias e pedagogias.
Resumo
A partir do Objetivo: “Apreender narrativas quilombolas que emergem do processo de Contação de Histórias no contexto contemporâneo da comunidade quilombola Cerro das Velhas, identificando pedagogias que tornam possíveis outras formas da comunidade narrar-se e protagonizar-se”, a tese “Narrativas quilombolas: outras histórias e pedagogias” buscou responder o seguinte Problema de Pesquisa: “Como as narrativas quilombolas que emergem do processo de Contação de Histórias na comunidade quilombola Cerro das Velhas podem ser consideradas textos culturais na medida em ensinam/instituem jeitos de ser e, dessa maneira, contribuem para a produção de sujeitos quilombolas hoje?”. A pesquisa tomou como referencial empírico narradores do Cerro das Velhas, comunidade quilombola localizada no 5º Distrito de Canguçu/RS e como referencial teórico, um diálogo entre Filosofia da Linguagem, Antropologia Social, Educação e Estudos Culturais, a partir de conceitos benjaminianos como Narrativa, História e Rastro, utilizando o próprio Benjamin, Gagnebin e Ginzburg; da noção de Contação de Histórias presente principalmente em Amador de Deus; dos Quilombos tradicionais e contemporâneos brasileiros, através de Maestri, Gomes, Anjos, Carril, Baptista da Silva, entre outros; da noção de Pedagogias Culturais por Steinberg, Kincheloe e Ellsworth; de Outros Sujeitos, de Arroyo; do conceito de Representações Sociais de Jodelet e Jovchelovitch; do conceito de Diáspora Africana por Gilroy e Hall; e do conceito de Sonhos, por Martins. Enquanto metodologia foi utilizada a proposta de Entrevista Narrativa de Jovchelovitch e para a análise das histórias contadas, o modelo proposto por Schütze para a análise deste tipo específico de entrevista. Defende-se que as narrativas quilombolas que emergem do processo de Contação de Histórias na comunidade quilombola Cerro das Velhas são atualizadas na contemporaneidade e não são contadas “como de fato aconteceram”, mas incorporando novos elementos ao serem contadas. Essas narrativas podem ser consideradas como textos culturais à medida que transmitem experiências e saberes acumulados, colaboram para o processo de atualização da memória, ressignificam a noção de quilombo e quilombola, produzem sentidos e significados capazes de subverter à lógica hegemônica, protagonizam sujeitos e ensinam jeitos de ser, contribuindo assim para a produção de sujeitos quilombolas.
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