Imagética musical: aspectos constitutivos e mecanismos de funcionamento na criação de solos instrumentais.
Abstract
Esta tese objetivou o estudo dos aspectos constitutivos da imagética musical e seus
mecanismos de funcionamento na criação de solos instrumentais. Compreendendo
a imagética musical como um conjunto de representações mentais ativado quando
uma pessoa está imaginando musicalmente e pautando-se na ideia de que a
imaginação humana se estrutura de uma maneira sistêmica e semântica, defendeuse
a tese de que os schemas – massas organizadas de experiências nas quais
cenários cognitivos tomam forma, na mente das pessoas, permitindo o
processamento de informações – forneceriam o substrato necessário à subversão,
pelo músico, dos padrões sonoro-musicais internalizados em um contexto cultural,
em prol de uma amalgamação criadora. O tripé metodológico da pesquisa englobou
a realização de pesquisa teórico-conceitual, a partir da discussão sobre os discursos
que constroem e descontroem o conceito de imagética musical, no campo das
Ciências Cognitivas e dois estudos empíricos: um estudo exploratório inicial,
baseado em autoanálise e um estudo de casos múltiplos, com outros quatro
músicos. Embasando-se na perspectiva histórico-cultural e no paradigma indiciário
de investigação, analisou-se o jogo entre as forças apolíneas do aprendizado teórico
e as forças dionisíacas do “tirar música de ouvido” atuando na formação dos
músicos investigados. Entendendo a imagética musical como um efeito da prática e
do aprendizado musicais, identificaram-se três schemas principais que estruturam a
imagética dos músicos: o schema das características sonoras de um estilo musical
(schema estilístico), o schema das ações e percepções envolvidas na prática
musical (schema procedimental) e o schema da eficácia simbólica. A partir de uma
abordagem semântica, investigaram-se os aspectos multimodais que constituem a
imagética dos músicos. Assim, visando a conservação de unidades integrais de
análise que englobam as características visuais, sonoras, motoras etc. em conjunto
com os processos de significação, foram identificados dois modelos multimodais
principais: o modelo escala-acorde e o modelo sonoridade-sentimento. Analisandose
os dados, chegou-se à conclusão de que o modelo escala-acorde costuma ser
utilizado pelos sujeitos da pesquisa mais influenciados pelas forças apolíneas do
aprendizado teórico e que o modelo sonoridade-sentimento costuma ser utilizado
pelos músicos sujeitos mais influenciados pelas forças dionisíacas do “tirar música
de ouvido”.
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