"Quem não pode com a formiga não atiça o formigueiro": a auto-organização das mulheres e a Educação Popular na construção da Pedagogia Feminista no curso Desafio Pré-Vestibular/RS.
Resumen
Este trabalho é fruto de reflexões e experiências desenvolvidas a partir da perspectiva da Educação Popular, tendo como foco a incorporação real das discussões feministas dentro dessa área da educação. A análise ocorreu acerca do processo emancipatório de um grupo de educandas do curso popular Desafio Pré-vestibular, perpassando elementos como, auto-organização das mulheres no movimento feminista, relação pedagógica entre educadora popular e educandas, protagonismo e solidariedade feminista. Junto à essas análises, que aconteceram a partir da determinação de indicadores emancipatórios, foi considerada a auto-organização das mulheres como cerne na consolidação da Pedagogia Feminista. Para tanto, buscou-se a Educação Popular como mediação e princípio político, por compreender que esta só será de fato libertadora e emancipatória quando incorporar a luta, a história e as vivências das mulheres numa perspectiva despatriarcalizada. A opção político-metodológica utilizada foi a pesquisa-ação participante por compreendermos que é necessário uma produção de conhecimento não neutra, sensível às demandas da classe popular e imersa na epistemologia feminista. Dessa forma, os instrumentos utilizados para a coleta de dados foram: os diários feministas, as cartas feministas, as entrevistas coletivas e a construção do material didático feminista. As ações realizadas nessa proposta foram de oficinas feministas auto-organizadas (em que participam apenas mulheres) e mistas (em que participam homens e mulheres) realizadas em 2015 e 2016 no curso Desafio e versavam sobre temáticas como a história do feminismo, direitos sexuais e reprodutivos das mulheres, a resistência das mulheres negras, entre outros temas. O número de participantes das oficinas não era fixo, pois eram espaços abertos para quem tivesse interesse em participar. No entanto, nos diferentes instrumentos de coleta, aceitaram participar no total dez educandas do curso. Na fundamentação teórica recorremos a Freire (2011, 2014); Ochoa (2008); Mészáros (2008); Rios (2005, 2016); Arroyo (2012); Toledo (2008); Sardenberg (2006); Saffioti (2004), entre outras/os. Na diferenciação que realizamos entre educação não-sexista e Pedagogia Feminista, onde na segunda é imprescindível a auto-organização das mulheres, observamos que as práticas pedagógicas feministas desenvolvidas durante esses dois anos, confirmaram essa necessidade a partir das falas das educandas. Principalmente no que tange a um dos conceitos centrais desse trabalho que são os contextos confirmatórios, onde as educandas não apenas participaram das oficinas e da pesquisa, como também se tornaram educadoras e dirigentas em outros espaços e movimentos sociais. Assim nossa defesa segue intransigente: sem as mulheres não haverá efetivo processo emancipatório da classe trabalhadora, assim como a educação popular não estará radicalmente comprometida com a transformação social enquanto não incorporar de fato, o feminismo.
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