O (in)sucesso escolar no Ensino Secundário na ilha do Sal – Cabo Verde.
Fecha
2016-02-29Autor
Miranda, Célia Artemisa Gomes Rodrigues
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O fracasso escolar tem sido amplamente discutido em diversos países, tentando solucionar o problema das altas taxas de repetência e evasão nas escolas. Entretanto, o problema ainda persiste, necessitando de mais pesquisas que ajudem a elucidá-lo e a nele intervir, em diferentes contextos. Frente a isso, este trabalho teve por objetivo ampliar a compreensão sobre o fracasso escolar (definido como ao menos uma reprovação ao longo de toda a escolarização e não evasão) e do sucesso escolar (ausência de reprovação e evasão) por meio de duas etapas. Primeiramente, tentou-se identificar os fatores associados ao fracasso escolar de alunos do último ano de estudos de uma escola secundária da ilha do Sal – Cabo Verde – (etapa quantitativa) e, em seguida, identificar e analisar os fatores associados ao sucesso escolar de um grupo de alunos com fatores de risco para o fracasso escolar, que nunca apresentaram repetência ou evasão (etapa qualitativa). O estudo quantitativo foi realizado com todos os alunos que se encontravam matriculados no penúltimo ano de estudos do Ensino Secundário em 2014/15 e que transitaram para o 12º ano de estudos no ano letivo seguinte, totalizando 166 alunos. Para as análises estatísticas dos fatores associados ao fracasso escolar, foram utilizadas as seguintes variáveis independentes: sexo, local de nascimento, área de estudo, renda familiar, quarto individual, casa própria, número de moradores na residência, escolaridade da mãe e do encarregado de educação e ocupação do encarregado de educação. Para a pesquisa qualitativa, foram feitas entrevistas individuais com seis alunos que não tinham nenhuma reprovação ao longo de toda a sua escolarização, filhos de mães analfabetas e de baixa renda familiar. Também foram entrevistados os encarregados de educação desses alunos (mães ou outras pessoas), seus professores e o diretor da escola. Os resultados da análise multivariada (regressão de Poisson) apontaram que ser do sexo masculino, não ter quarto individual, ter renda familiar de 3 a 6 salários mínimos, pertencer à área Humanística (como opção de estudos) e ter nascido nas ilhas de São Nicolau, Brava e Fogo, eram fatores de risco para o insucesso escolar. Por meio da pesquisa qualitativa, foi possível verificar que o apoio familiar, juntamente com a vontade dos alunos de alcançar uma melhor posição socioeconômica do que aquela em que se encontravam e poder retribuir à mãe e aos familiares o investimento em sua escolarização contribuíram para que esses seis sujeitos tenham alcançado o sucesso escolar.
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