O Rito da Confirmação Luterana e o Processo Escolar dos Pomeranos na Serra dos Tapes - RS (1938-1971).
Resumo
Esta dissertação de Mestrado constitui-se com o objetivo de analisar as relações
entre o ritual da confirmação e o processo escolar de crianças e jovens em escolas
particulares luteranas, situadas dentro da região cultural pomerana, na Serra dos
Tapes-RS, no período de 1938 a 1971. A confirmação luterana é aqui entendida
como um ritual de passagem. Neste rito os adolescentes e jovens são preparados
por meio do ensino confirmatório para reafirmarem sua fé no culto da confirmação. É
entendido como um elemento da etnicidade dos pomeranos, o qual determina a
passagem da infância para as responsabilidades da vida adulta, demarcando o
período do início da juventude. O estudo desta temática é envolvido pelo processo
histórico de formação cultural e religiosa da Serra dos Tapes. A metodologia da
investigação conta com a história oral e a análise documental, na perspectiva de
estudos na área da História da Educação. O trabalho envolve conceitos norteadores
como etnicidade (BARTH, 2011), campo e habitus (BOURDIEU, 1994), ética
protestante (WEBER, 2004), dentre outros. Os aspectos escolares são analisados
sob a ótica da cultura material escolar (JULIA, 2001), a partir das análises de
documentos e narrativas de ex-alunos, ex-professores e confirmandos, permitindo
observar o cenário escolar da época, bem como as motivações da igreja e, também,
as intencionalidades das famílias da comunidade, ao terem seus filhos confirmados.
Fez-se necessário compreender a organização das escolas comunitárias, pois a
partir da análise de elementos dessas instituições educativas, como narrativas e
documentos, percebeu-se que, de fato, os atos religiosos, como a confirmação,
intervinham na não sequência dos estudos. Concluiu-se que um dos motivos de os
jovens não seguirem seus estudos era o rito da confirmação, prática legitimada pela
própria comunidade, definida como o momento de saída da escola, algo que fora
internalizado culturalmente e religiosamente. Além disso, no meio rural não existiam
escolas de ensino secundário, e a ida dos jovens para a cidade simbolizava um
distanciamento cultural da comunidade, sendo que a saída da escola também era
almejada, pois as famílias necessitavam da ajuda dos filhos na lida da agricultura.
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