Atividade antibacteriana e antioxidante de extrato de araçá (Psidium cattleianum Sabine): influência da temperatura, do genótipo e estudo do mecanismo antiestafilocócico
Resumen
O araçá é uma fruta rica em compostos bioativos que tem seu potencial antimicrobiano
ainda pouco explorado. O objetivo deste estudo foi avaliar o potencial antibacteriano
e antioxidante de extratos de araçá (EA), verificar a influência do genótipo e da
temperatura e elucidar o mecanismo de ação dos EA contra Staphylococcus aureus.
Os EA foram preparados com genótipos de araçá amarelos e vermelhos. A atividade
antibacteriana dos EA foi avaliada por testes de disco difusão em ágar, concentração
inibitória mínima (CIM) e concentração bactericida mínima (CBM), utilizando cepas
ATCC de S. aureus, Listeria monocytogenes, Escherichia coli, Salmonella
Typhimurium e Campylobacter jejuni. A atividade antioxidante foi determinada pelo
sequestro do radical DPPH. O teor de fenóis totais foi determinado por
espectrofotometria e os compostos fenólicos individuais foram quantificados por
HPLC-MS, com todos os ensaios realizados antes e após os tratamentos térmicos. A
termoestabilidade dos EA foi avaliada pela exposição dos extratos a temperaturas de
até 100 ºC (40, 60, 80 e 100), por 1 h em cada temperatura. O mecanismo de ação
antiestafilocócio foi determinado pela cinética de ação antibacteriana, integridade da
membrana celular bacteriana (extravasamento de macromoléculas e ácidos
nucleicos, microscopia eletrônica de varredura e microscopia confocal a laser), bem
como por testes de interação dos EA com o DNA bacteriano (espectrofotometria de
fluorescência). Os EA apresentaram atividade contra todos os micro-organismos
avaliados, com halos de inibição variando entre 11 e 17 mm de diâmetro e valores de
CIM de 9 a 147 mg.mL-1 e de CBM de 18 a 294 mg.mL-1
. Os menores valores de CIM
e CBM foram observados para S. aureus. Não houve diferença na atividade
antibacteriana entre os genótipos estudados e, em todos os EA, os valores de
atividade antioxidante foram superiores a 90%, antes e após o tratamento térmico. O
teor de fenóis totais oscilou entre 414 e 465 mg.100 g
-1 e os principais compostos
fenólicos identificados foram os ácidos gálico, ferúlico e cumárico. O tratamento
térmico dos EA aumentou de 2 a 4 vezes os valores de CIM e CBM e ocorreu redução
na concentração dos compostos fenólicos, com exceção dos ácidos ferúlico e
cumárico nos EA vermelhos, onde não houve perdas significativas. Quanto ao
mecanismo de ação antiestafilocócico, verificou-se que o micro-organismo foi
eliminado em 24 h de contato quando se utilizou a CBM, havendo perda da integridade
da membrana celular, provocando a liberação de importantes constituintes celulares.
Os EA também apresentaram capacidade de se intercalar ao DNA bacteriano,
demostrando que a atividade antiestafilocócica ocorre por alteração na integridade da
membrana celular e danos ao DNA de S. aureus. Os resultados obtidos neste estudo
são inéditos e demonstram que os EA possuem potencial antibacteriano e
antioxidante, independente do genótipo, podendo ser uma alternativa para auxiliar na
conservação de alimentos, incluindo alimentos processados termicamente
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