Criopreservação de cultivares de amoreira-preta
Resumo
A amoreira-preta pertence ao gênero Rubus e à família Rosaceae e seus frutos são
apreciados em todo o mundo. A propagação por estacas de raiz, rebentos ou hastes
novas apresenta como desvantagens como a disseminação de pragas e doenças,
além do alto custo de manutenção dos campos e da mão-de-obra. A Embrapa Clima
Temperado, Pelotas-RS, é detentora da maior coleção ex situ da cultura no Brasil. A
conservação de genótipos, porém, para ser efetiva, passa atualmente pelo
desenvolvimento de estratégias biotecnológicas que possam contornar problemas
como doenças e danos ambientais, capazes de afetar materiais conservados por
outros métodos. Nesse cenário, emerge a criopreservação que, além de proporcionar
vantagens como eliminação de danos genéticos, diminuição da necessidade de
avaliações periódicas e controle da viabilidade, proporciona a preservação de
coleções por longos períodos com segurança, baixo custo de manutenção e utilizando
pequenos espaços. Os criobancos auxiliam os programas de melhoramento genético
e o setor produtivo na manutenção e disponibilização de genótipos. Protocolos de
criopreservação para o gênero Rubus já são descritos em outros países; entretanto,
a transferência de tecnologia ou a repetibilidade em laboratórios distintos é um desafio
a ser enfrentado. Diante disso, o objetivo deste trabalho foi estudar protocolos de
criopreservação e aperfeiçoar técnicas de resfriamento para diferentes genótipos de
amoreira-preta. Foram realizados ensaios testando e adequando metodologias de
preparo e procedimentos para encapsulamento-desidratação e vitrificação de tecidos
vegetais. Inicialmente, foram utilizados os mais novos lançamentos da Embrapa (‘BRS
Xingu’ e ‘BRS Cainguá’) e em um segundo momento adicionaram-se outros materiais
(‘Tupy’ e ‘Comanche’). A esses genótipos aplicaram-se testes preliminares de
composição das cápsulas de alginato e do meio de regeneração, desidratação da
matriz de alginato, exposição aos crioprotetores e pré-condicionamento; foram
também realizados ensaios com as técnicas de encapsulamento-desidratação e
vitrificação com aplicação de metodologias de resfriamento lento e ultrarrápido,
totalizando onze ensaios aqui apresentados. Os experimentos foram conduzidos
adotando-se o delineamento inteiramente ao acaso. Os dados foram submetidos à
análise de variância através do teste F (p≤0,05). Constatando-se significância
estatística, os dados foram comparados por testes de probabilidade e regressões
polinomiais conforme a necessidade. Os testes preliminares apresentaram bons
resultados, obtendo-se até 95% de sobrevivência nos experimentos em que foram
testados a composição da cápsula e o meio de regeneração; porém, a imersão em
nitrogênio líquido ocasionou necrose na maior parte do material, obtendo-se 12% de
sobrevivência dos explantes encapsulados. Nos ensaios com a técnica de vitrificação
e com a aplicação de pré-condicionamento com variação térmica dia/noite e
crioprotetor PVS2, quando os tratamentos foram realizados em baixa temperatura,
bons resultados foram observados, com sobrevivência de 43, 55, 55 e 63% para as
cultivares ‘BRS Xingu’, ‘BRS Cainguá’, ‘Tupy’ e ‘Comanche’, respectivamente.
Melhorias nos processos pré-criopreservação podem ser realizadas, como o tempo
de desidratação do conjunto cápsula explante, a composição da cápsula e do meio de
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