Ácido abscísico (ABA) e radiação UV-C na maturação pós-colheita de frutos de morango (Fragaria x ananassa Duch.)
Abstract
O morango (Fragaria x ananassa Duch.), pseudofruto da família das Rosaceae, é
muito apreciado pelas suas características sensoriais, como a coloração vermelho
brilhante e sabor, além da presença de compostos antioxidantes. Por ser um fruto
não-climatérico, é colhido na plena maturação, porém neste estádio apresenta textura
frágil, o que o torna susceptível a danos mecânicos, desenvolvimento de fungos,
acarretando diminuição da qualidade e perdas pós-colheita. Uma das alternativas para
tentar evitar esses problemas é colher os frutos antes da plena maturação; porém,
neste caso, é necessário promover a indução da maturação na pós-colheita. Estudos
tem relatado que o fitormônio ácido abscísico (ABA), pode estar envolvido no processo
de maturação de frutos de morango e que a utilização de radiação ultravioleta (UV-C)
pode retardar a perda da firmeza e aumentar o teor de compostos antioxidantes.
Nesse sentido, objetivou-se avaliar o efeito do tratamento pós-colheita com aplicação
de radiação UV-C e ABA no acúmulo de compostos relacionados ao processo de
amadurecimento em frutos de morango (Fragaria x ananassa Duch.) colhidos antes
da plena maturação. Os frutos foram colhidos com 75% da superfície vermelha. Foram
realizados quatro tratamentos (Controle C – sem tratamento; UV-C; ABA; ABA+UVC). Os frutos foram tratados com solução de 1 mmol de ABA e com duas doses de 2
kJ m-2 de radiação UV-C (aplicadas no primeiro e segundo dia) e armazenados por
quatro dias, a 20°C e 80% de umidade relativa, e comparados com frutos maturados
in vivo (ligados à planta). Todos os tratamentos pós-colheita apresentaram evolução
da cor, porém nenhum deles atingiu a coloração ou o teor de sólidos solúveis totais
ou de compostos fenólicos dos frutos maturados in vivo. O armazenamento (controle
C) não induziu a síntese de ABA, ABA glicosil ester (ABA-GE), ácido faseico (PA) ou
ácido dehidrofaseico (DPA) em comparação com o controle C 75%, e resultou na
diminuição da firmeza dos frutos em todos os tratamentos. Os frutos tratados com UVC e ABA+UV-C apresentaram menor ângulo a*, caracterizando um atraso no acúmulo
de antocianinas, porém não houve diferença no teor e no perfil de antocianinas entre
os tratamentos. Diferente do esperado, a firmeza não foi afetada nestes tratamentos
com UV-C. Apesar disso, os frutos destes tratamentos mantiveram valores similares
aos teores de ácido L-ascórbico dos frutos C e maturados in vivo, sugerindo que a
radiação UV-C atuou na preservação deste composto. O tratamento com ABA resultou
em acúmulo maior de ABA, ABA-GE e PA, comparado aos demais tratamentos,
sugerindo que esse fitormônio afetou o metabolismo dos frutos, a exemplo dos
compostos fenólicos; ABA, ABA-GE e PA foram os responsáveis pela separação dos
tratamentos ABA e ABA+UV-C dos demais tratamentos na análise de componentes
principais (PCA). O tratamento ABA+UV-C apresentou um comportamento
intermediário entre os tratamentos ABA e UVC, sendo agrupado mais próximo ao
tratamento com ABA na análise de PCA por ter apresentado maiores teores de ABA,
ABA-GE, PA e DPA do que os tratamentos sem aplicação de ABA. Concluiu-se que a
maturação pós-colheita de frutos de morango é diferente da maturação in vivo; que o
acúmulo de ABA e seus derivados nos tratamentos que receberam ABA exógeno
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alterou o metabolismo dos frutos, mas não resultou na indução esperada de
antocianinas; que a aplicação de UV-C pode ser interessante para manter os níveis
de ácido L-ascórbico nos frutos e que a ação combinada de ABA+UV-C resultou em
efeitos combinados destes dois tratamentos.
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