Efeitos letal e subletal de agrotóxicos registrados para a cultura da soja ao parasitoide Telenomus podisi Ashmead, 1893 (Hymenoptera: Platygastridae)
Abstract
A grande importância da soja para o agronegócio brasileiro justifica o investimento
realizado para o aumento da produção nacional. Tal aumento de produtividade passa,
inevitavelmente, pelo controle de insetos-praga e doenças na cultura, o que é feito, em
grande medida, pela aplicação de inseticidas e fungicidas. A aplicação desses
agrotóxicos pode causar efeitos letais (curto prazo) e subletais (longo prazo) ao
parasitoide de ovos Telenomus podisi Ashmead, 1893 (Hymenoptera: Platygastridae),
um dos inimigos mais eficientes no controle biológico do percevejo-marrom Euschistus
heros (Fabricius, 1798) (Hemiptera: Pentatomidae). Assim, objetivou-se avaliar os
efeitos letal e subletal de 10 agrotóxicos registrados para a cultura da soja a esse
parasitoide em laboratório em todas as fases de desenvolvimento do inseto. Foi
seguido o padrão da “International Organisation for Biological and Integrated Control”
(IOBC) para a classificação dos agrotóxicos quanto a sua seletividade a T. podisi. Nas
fases imaturas, os inseticidas a base de indoxacarbe e lambda-cialotrina + tiametoxam
provocaram mortalidade de 100% dos adultos emergidos até às 72 horas. Os
inseticidas a base de flubendiamida, beta-ciflutrina + imidacloprido, chlorantraniliprole e
metoxifenozida + espinetoram variaram em seus efeitos subletais, sendo flubendiamida
e chlorantraniliprole os inseticidas mais seguros para serem utilizados, apesar de
flubendiamida ter afetado a emergência de F1 em todas as fases de desenvolvimento
do parasitoide. Beta-ciflutrina + imidacloprido provocou efeitos subletais na capacidade
de parasitismo e emergência de F1, contudo, é uma alternativa para o controle de
percevejos-praga na cultura da soja, tendo em vista que os efeitos foram levemente
nocivos. Metoxifenozida + espinetoram deve ser utilizado com cautela, tendo em vista a
alta mortalidade provocada nas fases de ovo e pupa do parasitoide. Baseado nos
efeitos nas fases imaturas de T. podisi, o fungicida mais seguro para aplicação é
picoxistrobina + ciproconazole seguido por trifloxistrobina + protioconazol e
azoxistrobina + ciproconazol. O fungicida a base de azoxistrobina + benzovindiflupir
deve ser evitado tendo em vista o seu efeito drástico na razão sexual de T. podisi em
todas a fases imaturas testadas. Todos os agrotóxicos testados afetaram a razão
sexual de F1, o que demanda atenção na utilização desses produtos, principalmente
com relação ao monitoramento das lavouras, visando a aplicação somente quando os
níveis de controle forem alcançados. Na fase adulta de T. podisi, o inseticida diamídico
a base de flubendiamida afetou a razão sexual de F1, enquanto chlorantraniliprole não
causou efeito letal ou subletal ao parasitoide. Entre os fungicidas testados,
trifloxistrobina + protioconazol causou efeito subletal afetando a capacidade de
parasitismo e a emergência de F1 e azoxistrobina + benzovindiflupir afetou a razão
sexual do parasitoide. Nenhum dos agrotóxicos testados causou efeito letal significativo
nas fêmeas de T. podisi tratadas. Os inseticidas diamídicos flubendiamida e
chlorantraniliprole são compatíveis com o controle biológico de T. podisi e podem ser
recomendados no MIP da cultura da soja. O fungicida trifloxistrobina + protioconazol
deve ser utilizado com cautela, tendo em vista que causou efeitos subletais ao
parasitoide.
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