Caracterização e uso do co-produto de Ilex paraguariensis na alimentação de frangos de corte
Abstract
O objetivo deste estudo foi caracterizar a parte externa do co-produto da poda
de colheita de Ilex paraguariensis (denominado CPIP) e avaliar o efeito da adição
do CPIP em ração de frangos de corte sobre o desempenho das aves e
qualidade da carne. O CPIP foi caracterizado quanto aos ácidos clorogênicos,
composição centesimal, metais e perfil de ácidos graxos. Os frangos foram
criados em galpão experimental com controle de luz e aquecimento durante 42
dias. As dietas foram preparadas de acordo com as exigências nutricionais de
frangos de corte em quatro formulações (controle, 1% de CPIP, 2% de CPIP e
3% de CPIP). Após 42 dias foi feita a coleta de sangue e em seguida o abate
humanitário, onde foram coletados o intestino e o peito dos frangos. As rações
foram analisadas quanto à composição centesimal, ácidos clorogênicos e ácidos
graxos. Os frangos foram analisados quanto aos índices zootécnicos,
parâmetros bioquímicos séricos (proteína total, colesterol, glicose, triglicerídeos,
albumina, ácido úrico e globulina), espécies oxidantes, antioxidantes, enzimas e
micrometria intestinal. A carne foi analisada quanto ao pH, cor e capacidade de
retenção de água, perda por cocção de água da carne, espécies oxidantes e
antioxidantes, ácidos clorogênicos, metais e ácidos graxos. Seis isômeros de
ácidos clorogênicos foram identificados e quantificados no CPIP, apresentando
um total de 9,42 g 100 g-1 de ácidos clorogênicos no co-produto. No CPIP foram
detectados os elementos alumínio, cálcio, cobre, ferro, potássio, magnésio,
sódio e zinco. Os ácidos graxos majoritários do CPIP foram o ácido graxo
saturado hexadecanóico (ácido palmítico) e os ácidos graxos insaturados oleico,
linoleico e linolênico. Os ácidos graxos insaturados foram os majoritários
(54,9%), enquanto razão n6/n3 foi de 0,57. A fração lipídica do CPIP (3,3 g em
100 g de resíduo) apresentou perfil de ácidos graxos que vem ao encontro com
as orientações dos órgãos de saúde no sentido da necessidade de aumentar a
ingestão de ácidos graxos essenciais em proporções que reduzam as razões
n6/n3 e pode ser considerada como um ingrediente importante para melhorar a
qualidade da ingestão lipídica de dietas. Quanto ao desenvolvimento dos
frangos, foi observado menor consumo de ração e, consequentemente, menor
ganho de peso nos frangos dos tratamentos 2 e 3%, sem diferença entre
tratamentos para conversão alimentar. Na carne, não foram observadas
diferenças entre os tratamentos para análises de pH, cor, capacidade de
retenção de água, perda por cocção de água e níveis de metais. Os ácidos
clorogênicos não foram detectados nas amostras de carne dos 4 tratamentos. O
consumo de rações contendo o co-produto propiciou a redução dos níveis de
colesterol e triglicerídeos sérico no sangue dos frangos. Resultados muito
expressivos foram observados quanto ao teor de ácidos graxos na carne das
aves que ingeriram CPIP como a redução de ácidos graxos saturados e trans,
aliado ao aumento dos ácidos graxos poli-insaturados (especialmente o ácido
linolênico). A razão dos níveis de ácidos graxos n6/n3 na fração lipídica da carne
de peito de frangos foi de 14,05, 13,56, 12,83 e 11,54 para os tratamentos
controle, 1%, 2% e 3%, respectivamente, havendo uma redução conforme
adição de CPIP. Conclui-se que as doses testadas de co-produto impactam
negativamente no desempenho das aves para peso corporal e ganho de peso,
não impactam em conversão alimentar, mas geram efeitos positivos sobre as
respostas dos parâmetros bioquímicos séricos e qualidade nutricional da carne.
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