Mudança no estado nutricional e na obesidade abdominal de idosos não institucionalizados pertencentes à uma coorte do sul do Brasil.
Resumo
Esse trabalho faz parte do estudo de coorte realizado com idosos não
institucionalizados “COMO VAI?”. O objetivo foi avaliar a mudança no estado
nutricional e na adiposidade abdominal de idosos não institucionalizados
residentes na cidade de Pelotas-RS no período de até seis anos. Foram
entrevistados 1451 indivíduos com 60 anos ou mais em 2014 e 537 foram
reavaliados em 2019-20. As entrevistas ocorreram de forma presencial em
ambos os anos, onde foi aplicado um questionário sobre a situação
sociodemográfica, aferidas medidas antropométricas e realizados testes
físicos. O peso foi mensurado com balança digital, enquanto a altura em pé foi
estimada a partir da verificação da altura do joelho. Já a circunferência da
cintura (CC) foi tomada com fita métrica não extensível diretamente sobre a
pele na região mais estreita do tronco. Considerou-se mudança no índice de
massa corporal (IMC) quando a diferença entre o IMC atual e o IMC
do baseline foi superior a 5%. Assim, foram classificados na categoria “ganho”
os idosos com diferença de IMC maior ou igual a +5%, e na categoria “perda”
aqueles com diferença menor ou igual a -5%. O mesmo critério foi adotado
para verificação de mudança nas medidas de CC. As covariáveis utilizadas
foram coletadas em 2014: idade, sexo, cor da pele, situação conjugal,
escolaridade, classe econômica, qualidade da dieta, atividade física no lazer e
deslocamento, tabagismo, número de doenças autorrelatadas, capacidade
funcional, polifarmácia e a presença de sintomas depressivos. Descreveram-se
as prevalências das classificações de IMC, conforme pontos de corte propostos
para idosos, e CC para 2014 e 2019-20. Para verificar as associações das
variáveis independentes com a mudança do estado nutricional e adiposidade
abdominal foi utilizada regressão logística multinomial simples e múltipla.
Observou-se que aproximadamente 29% e 17% dos idosos avaliados em ambos os momentos perderam e ganharam massa corporal, respectivamente.
Já com relação a CC, observou-se perda em 15,6% e ganho em 25,6% dos
idosos. Idosos com idade igual ou superior a 80 anos tiveram maior chance de
perder massa corporal (RO=4,73; IC95%: 2,31-9,69) e também de reduzir a CC
(RO=2,47; IC95%: 1,11-5,47). Idosos ex-fumantes tiveram em média 41% e
64% menor chance de perder e de ganhar massa corporal (IC95%: 0,37-0,94 e
IC95%: 0,19-0,65, respectivamente) e aqueles que utilizavam cinco ou mais
medicamentos apresentaram maior chance de ganhar massa corporal
(RO=1,91; IC95%: 1,07-3,41) e CC (RO=1,70; IC95%: 1,07-2,70). Apesar da
alta proporção de idosos que manteve o IMC e CC estáveis neste período,
muitos idosos perderam massa corporal e ganharam CC. Os achados ainda
ressaltaram a importância da idade nas modificações nutricionais observadas
na população. São apresentados neste volume o projeto de pesquisa, seguido
do relatório do trabalho de campo, o artigo original e as normas de publicação
da revista British Journal of Nutrition, para qual o artigo que compõe esta
dissertação será submetido.
Collections
Os arquivos de licença a seguir estão associados a este item: