Comportamento alimentar em pacientes ambulatoriais com diabetes tipo 2 e/ou hipertensão: um estudo transversal.
Resumo
As doenças crônicas não transmissíveis constituem um dos maiores problemas de
saúde pública. Dentre as principais, encontram-se o diabetes mellitus e a hipertensão
arterial sistêmica. A etiologia e as formas para controle dessas doenças são
associadas ao comportamento alimentar. Assim, o objetivo do presente estudo foi
avaliar o comportamento alimentar de pacientes com diabetes e/ou hipertensão
atendidos em um Centro especializado em Pelotas, e associar este comportamento a
fatores sociodemográficos, clínicos e nutricionais. Foi realizada análise transversal de
pacientes com diabetes tipo 2 e/ou hipertensão, adultos e idosos, de ambos os sexos,
em primeira consulta, por meio de um banco de dados pré-existente, cuja coleta
ocorreu entre fevereiro de 2019 e março de 2020. O comportamento alimentar foi
descrito conforme os domínios: descontrole alimentar, restrição cognitiva e
alimentação emocional, cujos escores foram calculados a partir do questionário
validado Three Factor Eating Questionnaire – Versão reduzida com 21 itens. Os
fatores sociodemográficos avaliados foram: sexo, idade, escolaridade e situação
conjugal; os clínicos foram: patologia de base, duração do sono e uso de
medicamentos ansiolíticos e/ou antidepressivos; e os nutricionais foram:
acompanhamento nutricional prévio e estado nutricional, classificado conforme índice
de massa corporal. Os fatores sociodemográficos, clínicos e nutricionais foram obtidos
a partir da anamnese nutricional padrão do serviço. Os dados foram analisados de
forma descritiva, sendo realizado teste de Shapiro-Wilk, teste de Mann- Whitney e
teste de Kruskall-Wallis, adotando-se um nível de significância de 5%. Foram
avaliados 55 pacientes, sendo a maioria mulheres e idosos com excesso de peso,
com o diagnóstico de diabetes e hipertensão concomitantemente. O domínio de
restrição cognitiva apresentou maior mediana (39, 28 – 67) (p<0,0001). A alimentação
emocional apresentou associação significativa com o gênero feminino (p=0,0079). Já
o descontrole alimentar apresentou associação com o uso de medicamento
antidepressivo (p=0,0403). Assim, pôde-se descrever pela primeira vez o
comportamento alimentar desta população e encontrar diferenças significativas entre
os subgrupos avaliados.
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