Kamarád: rastros sobre infâncias e escrita de pesquisa
Resumo
Essa pesquisa enquanto proposta de investigação é parte do processo caracterizado pelos (des)limites de um esforço desesperado para reencontrar na força narrativa de Kamarád, uma revista criada por 23 crianças, com idades entre 11 e 14 anos que viveram no quarto A do Edifício Q 609 no campo de concentração de Terezin (Theresienstadt), durante a Segunda Guerra Mundial, os elementos que possibilitassem qualificar os sentidos da palavra escrita de pesquisa na sua mais profunda expressão. A questão central desta investigação buscou refletir acerca das relações possíveis entre a escrita das infâncias e a escrita de pesquisa, tendo a revista Kamarád enquanto testemunho pelos depoimentos, escritas, imagens e poemas - defendidas como expressão da escrita das infâncias - das crianças do Gueto de Terezín. Para isto, a composição desta investigação foi embasada na pespectiva epistemo-metodológica de surrealização da escrita de pesquisa, a qual está intimamente ligada à arte da montagem. Por entre outras linhas, este trabalho aponta para a necessidade da memória como
antídoto contra o esquecimento e o emudecimento, alertando para o fato de que precisamos reaprender a ouvir e a escrever a nossa história. Alerta, principalmente, para a urgência de estarmos atentos para os gestos com que as crianças nos direcionam e oferecem um outro mundo como possível, um mundo com um pouco mais de infâncias.
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