Ângulo de fase, domínio físico de qualidade de vida e funcionalidade em pacientes com câncer submetidos a quimioterapia.
Resumo
Introdução: O comprometimento nutricional, especialmente a desnutrição, é frequente nos pacientes com câncer, sendo esse associado às alterações na composição corporal, como a redução de massa muscular e consequente redução na capacidade funcional, menor qualidade de vida e menor sobrevida desses pacientes. Métodos não invasivos como a bioimpedância elétrica têm sido muito utilizados na prática clínica para a avaliação corporal. A partir da bioimpedância elétrica obtemos o ângulo de fase, medida que se relaciona com a integridade celular e que é afetado pelo estado nutricional do paciente em doenças como o câncer. O ângulo de fase tem se mostrado um indicador prognóstico e pode se relacionar à qualidade de vida e a funcionalidade nesses pacientes. Objetivo: comparar a variação do AF antes e após o tratamento quimioterápico e avaliar a correlação do AF, como um marcador de massa muscular, com o domínio físico de qualidade de vida e com a funcionalidade em uma amostra de pacientes com câncer. Métodos: estudo longitudinal conduzido com pacientes com câncer submetidos pela primeira vez à quimioterapia. Foram incluídos todos os pacientes com idade igual ou superior a 18 anos, recém diagnosticados e submetidos pela primeira vez a quimioterapia. Para análise da diferença das médias do AF de acordo com as diversas variáveis classificatórias foram utilizados o Test t ou ANOVA. A variação do AF final e inicial foi avaliada através do teste de regressão linear. A correlação entre ângulo de fase e domínio físico e saúde geral do WHOQOL-bref, funcionalidade e escore total da Avaliação Subjetiva Global Produzida Pelo Paciente (ASGPPP) foram avaliadas antes do primeiro ciclo de quimioterapia e a partir da última avaliação obtida do paciente por meio da correlação de Sperman. Resultados: Foram analisados 175 pacientes, sendo 66,3% do sexo feminino. a média de AF da avaliação inicial foi significativamente maior comparada à avaliação final de AF dos pacientes (p=0,018). Tanto na avaliação inicial como na final, o ângulo de fase esteve correlacionado ao domínio físico (r=0,29; p<0,001 e r=0,19; p=0,021) e ao escore de funcionalidade (r=-0,32; p<0,001 e r=-0,30; p<0,001) e total da ASGPPP (r=-0,31; p<0,001e r=-0,23; p=0,006). Conclusão: O ângulo de fase pode ser considerado um fator preditor de qualidade de vida física e funcionalidade nos pacientes com câncer.