Comportamento alimentar de crianças de uma escola privada no município de Pelotas, RS
Resumo
Estudos sugerem que diferenças individuais em várias dimensões do comportamento alimentar podem estar associadas ao desenvolvimento do excesso de peso infantil. Estima-se que 30% das crianças brasileiras, entre cinco e nove anos de idade, já apresentam excesso de peso. O presente estudo teve como objetivo avaliar o comportamento alimentar e o estado nutricional de crianças, na faixa etária de seis a dez anos, pertencentes a uma escola privada no município de Pelotas, bem como descrever diferenças no comportamento alimentar em função do estado nutricional, do sexo e da idade das crianças. O comportamento alimentar foi avaliado através das respostas fornecidas pelos pais das crianças no questionário “Children’s Eating Behaviour Questionnaire” (CEBQ), o qual possui 35 perguntas divididas em oito subescalas: Resposta à comida (FR), Prazer em comer (EF), Desejo de beber (DD), Sobreingestão emocional (EOE), Subingestão emocional (EUE), Resposta à saciedade (SR), Ingestão lenta (SE) e Seletividade alimentar (FF). Foram aferidas as medidas de peso e altura e, posteriormente, calculado o escore-z de Índice de Massa Corporal para idade, a fim de classificar o estado nutricional das crianças em cinco categorias: magreza, eutrofia, sobrepeso, obesidade e obesidade grave. No total, foram avaliadas 335 crianças com média de idade de 87,9 meses (desvio padrão 10,4 meses). Aproximadamente metade (50,7%) das crianças apresentava excesso de peso (26% sobrepeso, 15% obesidade e 9,7% obesidade grave) e metade (49,3%) encontrava-se eutrófica. Nenhuma criança apresentou magreza. Crianças com excesso de peso apresentaram maior pontuação nas subescalas do CEBQ que refletem “interesse pela comida” (FR, EF, DD, EOE, p < 0,001 para todas) e menor pontuação em duas subescalas (SR e SE, p < 0,001 e p = 0,003, respectivamente) que refletem “desinteresse pela comida”, quando comparadas às crianças eutróficas. Apenas as subescalas FF e EUE não apresentaram diferença significativa entre as categorias de escore-z de IMC (p = 0,254 e p = 0,637, respectivamente). De maneira geral, não foram observadas diferenças significativas no comportamento alimentar entre meninos e meninas, exceto para a subescala DD, na qual os meninos obtiveram maior pontuação em relação às meninas (2,80±1,11 versus 2,47±1,07, respectivamente; p = 0,005). Da mesma forma, não foram observadas diferenças significativas no comportamento alimentar conforme a idade apresentada pela criança, exceto para a subescala SE, na qual a pontuação diminuiu com o aumento da idade (p = 0,002). O excesso de peso foi o principal agravo nutricional na população estudada e foram encontradas importantes diferenças comportamentais entre crianças com excesso de peso e crianças com peso saudável.
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