Fatores de risco cardiovascular em adultos internados em hospital geral na cidade de Bagé, RS
Resumo
As mudanças no perfil de morbimortalidade ocorridas nas últimas décadas,
decorrentes da transição epidemiológica, demográfica e nutricional têm contribuído
para modificações no estilo de vida com consequente aumento nos índices de
obesidade. Excesso de peso, tabagismo, consumo prejudicial de bebidas alcoólicas
e sedentarismo são considerados os principais fatores de risco associados às
doenças crônicas não transmissíveis como diabetes, hipertensão arterial sistêmica
(HAS), distúrbios endócrinos, metabólicos e certos tipos de câncer. A presença
desses fatores de risco em indivíduos mais jovens, resultando em doenças
cardiovasculares (DCV), tem causado aumento em internações hospitalares, gastos
em saúde, piora na qualidade de vida, interrupção precoce de atividades laborais e
de vida diária. O desconhecimento acerca de fatores de risco e a falta de cuidados
com a saúde têm levado essa população a complicações de patologias já existentes
ou novos eventos agudos. O objetivo deste trabalho foi descrever as prevalências de
DCV e dos fatores de risco modificáveis associados a essas doenças em adultos (20
a 59 anos) internados em hospital geral na cidade de Bagé. Foi realizada uma
pesquisa descritiva, do tipo transversal, no período de outubro de 2019 a fevereiro
de 2020, com base em questionário, consultas ao prontuário médico, exames
laboratoriais e avaliações antropométricas. As DCV foram o segundo maior motivo
de internações nessa população, somando 19% das causas de hospitalização no
período e a história prévia de HAS esteve presente em 43% da amostra. Além disso,
entre os pacientes com idades entre 40 e 59 anos, 25% tinham diagnóstico prévio de
DM e 20% dislipidemia. A obesidade foi mais prevalente entre as mulheres; mais de
50% dos pacientes relatou já ter fumado, não realizar nenhuma atividade física no
lazer e possuir o hábito de consumo de embutidos e bebidas adoçadas. Valores
médios de índice de massa corporal (IMC) indicaram sobrepeso em ambos os
sexos, e valores médios de circunferência da cintura (CC) e circunferência do
pescoço (CP) foram associados a risco cardiovascular. As DCV e seus fatores de
risco foram bastante prevalentes nessa população. Tendo em vista que esses
fatores de risco são modificáveis, ações de promoção à saúde devem ser mais
efetivas para seu enfrentamento, priorizando desta forma que as internações
hospitalares ocorram para casos de maior complexidade, evitando sobrecarga deste
serviço e melhorando a qualidade de saúde da população.