Simultaneidade de fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis em relação à mortalidade de idosos não institucionalizados do sul do Brasil
Resumo
Esse trabalho faz parte do estudo de coorte denominado “COMO VAI?” realizados com idosos não institucionalizados. O objetivo desse estudo foi avaliar a associação da simultaneidade de fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) com a evolução da mortalidade de idosos comunitários residentes da zona urbana do município de Pelotas, RS, Brasil em um período de aproximadamente três anos. O desfecho do estudo foi a mortalidade por todas as causas, avaliada por dupla checagem através de contato telefônico/domiciliar e também verificação junto ao setor da Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde do município de Pelotas. A exposição principal foi avaliada pela presença ou ausência de quatro FRC investigados em 2014: inatividade física, baixa qualidade da dieta, consumo de álcool e tabagismo. Posteriormente, estas informações compuseram um escore com pontuação entre 0 (mínimo) e 4 (máximo). Além da simultaneidade de FRC para DCNT, considerou-se demais características dos idosos que poderiam influenciar nos resultados como fatores socioeconômicos e demográficos. As associações foram avaliadas a partir da análise de regressão de Cox (regressão de risco proporcional) e teste de Wald ou de tendência linear, com nível de significância de 5%. Entrevistou-se em 2014 1.451 idosos, onde 91,3% apresentavam pelo menos um dos fatores de risco estudados. Foram identificados 145 óbitos até abril de 2017 (10%). O risco de morte foi 2,36 (IC95%: 1,12–4,83) vezes maior entre os indivíduos inativos em relação àqueles que praticavam atividade física e 2,08 maior entre os idosos que fumavam (IC95%: 1,24–3,48) em relação aos idosos que não fumavam. As combinações de FRC que conferiram maior risco de morte foram as de inatividade física e tabagismo (RR=5,10; IC95%:1,91- 13,03), baixa qualidade da dieta e inatividade física (RR=3,60; IC95%: 1,27–10,25). A presença de três ou mais FRC foi associada a um risco de morte quase seis vezes maior (RR=5,71; IC95%: 1,33-24,57) do que o observado entre os idosos com nenhum FRC. Observou-se maior diminuição na sobrevida com o tempo entre aqueles idosos que apresentavam três ou mais FRC acumulados em 2014 (<80% ao final do período). Maior mortalidade em um período de até três anos de acompanhamento foi observada naqueles idosos com presença simultânea de pelo menos três FRC para DCNT. Alguns fatores parecem ter maior impacto na expectativa de vida do que outros, embora seja de grande importância a quantidade acumulada dos fatores. Neste volume constam: o projeto de pesquisa, relatório do trabalho de campo, alterações realizadas no projeto de pesquisa e artigo original nas normas da revista Public Health Nutrition, para qual o artigo que compõe esta Dissertação será submetido.