Avaliação das Variáveis Meteorológicas e do Manejo sobre a qualidade e produtividade de videiras cultivadas sob base familiar em Pelotas/RS
Abstract
A fim de atingir o fortalecimento e o desenvolvimento da agricultura familiar e a premissa da
diversificação da matriz produtiva das unidades familiares, tem-se como alternativa o cultivo
de videiras comuns destinadas à produção de vinhos coloniais, sucos e derivados. Buscou-se
avaliar as relações existentes entre variáveis meteorológicas locais e as práticas de manejo,
poda seca e poda verde, e seus efeitos no comportamento fenológico, nos aspectos produtivos
e na qualidade da uva cultivada nas condições da região de Pelotas/RS. Para tanto, foi
selecionada uma propriedade agrícola familiar localizada no 8º Distrito de Pelotas/RS, na qual
foi realizado o experimento, sendo o delineamento experimental composto por um fatorial (2
x 2 x 2), sendo estes: cultivar (Bordô e BRS Violeta); época de poda seca (normal e tardia); e
poda verde (com e sem desfolha). Foram realizadas durante a colheita avaliações de sólidos
solúveis totais, da massa dos cachos, do número de cachos e de bagas por cacho e da
produção por planta. Ainda em cada tratamento foi medida a radiação solar global, refletida
pelo dossel e disponível ao nível dos cachos e também a temperatura diária no vinhedo. Os
resultados demonstram que a época da poda seca exerceu influência sobre o comportamento
fenológico, sobre a necessidade térmica e o número de dias para completar o ciclo. Na cv.
Bordô a época da poda seca afetou a produção e o acúmulo de sólidos solúveis totais (SST) e
na cv. BRS Violeta apenas o SST. Ao relacionar a época da poda seca com a desfolha, sobre
os sólidos solúveis totais, estes diferiram apenas no tratamento com desfolha, sendo maior na
época tardia. A desfolha realizada na cultivar Bordô reduziu o número de bagas por cacho,
entretanto aumentou o peso de cachos e sem diferenças para a BRS Violeta . A desfolha
associada à época normal aumentou a produção por planta e o número de cachos na Bordô e
sem diferenças para a cultivar BRS Violeta. O albedo médio para os tratamentos BNC, BTC,
BTS, VNC, VTC e VTS foi respectivamente, 0,287, 0,280, 0,295, 0,297, 0,304 e 0,287. A
cultivar BRS Violeta apresentou maior disponibilidade de radiação solar ao nível dos cachos e
maior teor de sólidos solúveis totais na colheita quando comparada a cultivar Bordô. A época
de poda seca não representou diferença na quantidade de radiação solar disponível ao nível
dos cachos, já a realização da desfolha propiciou aumento na radiação que incide ao nível dos
cachos para a cv. Bordô. A radiação solar disponível ao nível dos cachos mostrou-se
relacionada ao acúmulo de sólidos solúveis totais, sendo maior este acúmulo quando a
radiação disponível foi maior na cultivar Bordô.