Interação genótipo do feijão (Phaseolus vulgaris L.) x produto fermentado no controle da antracnose (Colletotrichum lindemuthianum)
Resumen
Atualmente, a utilização de produtos alternativos no controle de doenças é um campo promissor que vem sendo utilizado, principalmente quando associada a tecnologias de baixo custo. O presente trabalho compreende experimentos de avaliação da reação à antracnose (Colletotrichum lindemuthianum) de plântulas de feijão (Phaseolus vulgaris) sob condições de estufas incubadoras tipo BOD com fotoperíodo (BOD) e de plantas adultas em campo, objetivando o estudo da eficiência de produtos fermentados no controle desta doença. Em BOD foram testadas concentrações de 0; 0,1; 1 e 10% dos produtos vinagre, vinho e cerveja branca, utilizando as cultivares Carioca e BR-Ipagro 1 Macanudo, conforme metodologia para estufas incubadoras tipo BOD com fotoperíodo (BOD). Foi verificada a ação dos produtos como agentes indutores de resistência em sementes e em plântulas, e também como tratamento curativo em plântulas. Resultados obtidos em câmara BOD, revelaram que apenas vinagre apresentou resposta significativa linear para as concentrações testadas e apenas no experimento de indução de resistência em plântulas. No experimento em campo, que se seguiu àqueles conduzidos em BOD, foram utilizados cinco genótipos desenvolvidos em centros de pesquisa (TB 02-02, BRS Expedito, TB 98-20, BR IPAGRO 1 Macanudo e TB 02-21) e cinco genótipos de origem crioula (Guabiju, TB 02-26, TB 02-23, TB 02-25 e Amarelinho Iolanda) submetidos às mesmas concentrações do experimento em BOD verificando-se a ação do vinagre, que foi o produto fermentado que apresentou melhor desempenho nos testes em BOD, como agente indutor de resistência à antracnose. Em relação ao experimento de campo, não foram detectadas interações entre vinagre e genótipos de feijão. Não houve efeito da inoculação com antracnose, resultando em similaridade de resposta entre parcelas inoculadas e não inoculadas. Foi detectado efeito significativo das diferentes concentrações de vinagre sobre o número de plantas da parcela e sobre a produtividade de grãos, encontrando-se uma equação cúbica na explicação destes efeitos, sendo que a aplicação de vinagre apresentou efeitos negativos sobre a produtividade do feijão. A tendência de uma menor incidência de antracnose na folha e na vagem em genótipos mais suscetíveis para o tratamento com vinagre na sua maior concentração, pode sugerir que a ação do vinagre em cultivares suscetíveis sob condições de alta incidência de antracnose possa apresentar efeitos positivos mais pronunciados. Os genótipos apresentaram diferenças estatisticamente significativas para todas as variáveis sugerindo, pela suas distintas características fenotípicas, a disponibilidade de diferentes alternativas de mercado aos agricultores produtores de feijão.