Produção e qualidade biológica de húmus de minhoca para uso na supressão de Sclerotium rolfsii Sacc
Abstract
A minhocultura corresponde à criação de minhocas destinadas a diferentes fins, como produção de matrizes e casulos, e minhocas destinadas a produção de húmus. O húmus de minhoca, amplamente utilizado como fertilizante na agricultura
familiar e sistemas agrícolas de base ecológica, também tem relevante papel como fitoprotetor. O estudo teve por objetivo produzir húmus de minhoca da espécie Eisenia andrei Bouché a partir de esterco bovino (EB) e combinações deste com
cascas de amendoim (CA), como material estruturante, e borra de café (BC), na qualidade de fonte nutricional, e sua avaliação na forma líquida e aerada na supressividade de Sclerotium rolfsii Sacc. O trabalho foi dividido em duas etapas. Na primeira, produziu-se húmus em quatro tratamentos e seis repetições, sendo: H1 EB 100%; H2 EB 75% + CA 25%; H3 EB 75% + BC 25%; H4 EB 50% + BC 25% + CA 25%. Avaliou-se a biomassa de minhocas, produção de casulos,
rendimento de húmus e variáveis microbiológicas e químicas. Os tratamentos H3 e H4 apresentaram maiores índices de biomassa e produção de casulos. Quando avaliadas as densidades de colônias bacterianas e fúngicas, os tratamentos H2 e H4 registraram os maiores índices. Na segunda etapa, foram preparados húmus líquidos aerados a partir das diferentes combinações de húmus, com o objetivo de
testar seus efeitos sobre escleródios de S. rolfsii. Os húmus foram acondicionados em sachês e mergulhados em água, sendo aerados pelo período de 24 horas. Foram quantificadas as colônias bacterianas e fúngicas presentes nos húmus
líquidos (HL), em meios de cultura seletivos. Amostras representativas de HL obtidos de cada um dos quatro tratamentos foram avaliadas no crescimento micelial de S.
rolfsii, a partir de micélio e escleródio, em duas condições: filtradas e não filtradas. Os HL filtrados não inibiram o crescimento micelial de S. rolfsii, em oposição aos HL
não filtrados. As colônias de microrganismos oriundas dos tratamentos não filtrados, uma vez isoladas e purificadas, foram pareadas com discos de micélio de S. rolfsii, objetivando avaliar o efeito antagônico de fungos e bactérias presentes nos húmus sobre o escleródio. O isolado F3, do HL oriundo do tratamento H2, identificado como pertencente ao gênero Trichoderma, foi quem apresentou a maior inibição ao S.
rolfsii, dentre os demais microrganismos pareados. A produção e o uso de húmus de minhoca na agricultura familiar devem ser estimulados, pois além dos benefícios já consagrados acerca da fertilização em sistemas de cultivo também podem auxiliar
no controle de doenças de plantas.