Alocação de áreas florestadas visando a conservação do solo e da água em propriedades familiares
Resumo
A crescente preocupação com os problemas ambientais vêm se tornando cada vez mais presente no cotidiano da população mundial. O uso intensivo dos solos principalmente pela agricultura e a exploração dos recursos hídricos para os mais diversos fins, tem gerado impactos ambientais, que resultam em perdas econômicas para a sociedade. No meio rural, muitos desses impactos estão relacionados com produção e transporte de sedimentos, mostrando a importância de se identificar as principais áreas de ocorrências desses processos nas bacias hidrográficas. A utilização de ferramentas para a predição de perdas de solo é de grande valor para o planejamento e gestão dos recursos hídricos de uma região. O presente trabalho teve como objetivos identificar as áreas com maior potencial de perdas de solo em uma bacia hidrográfica rural, com predominante ocorrência de propriedades com produção de base familiar, elaborar um mapa de produção de sedimentos e simular a alocação de cobertura florestal (preferencialmente mata nativa), visando reduzir os potenciais de perdas de solo, por meio de ferramentas de geoprocessamento e sensoriamento remoto. O trabalho foi conduzido na bacia de contribuição da Estação de Tratamento de Água Sinnott (Pelotas, RS), que possui uma área de, aproximadamente, 69.600 hectares. Para identificar os locais com maiores potenciais de perdas de solo foi aplicada a MUSLE (Equação Universal de Perda de Solo Modificada), considerando o cenário de uso atual do solo. Posteriormente foram realizadas duas simulações, considerando diferentes cenários de cobertura florestal: simulação 1, com áreas florestadas cobrindo 30 metros ao redor dos cursos d'água; e, simulação 2, com áreas florestadas cobrindo terrenos com declividades superiores a 20%. Os resultados obtidos indicam que os maiores potenciais de perdas de solo ocorreram onde se encontravam as áreas com maior ação antrópica e com maiores declividades. Quando simulados os cenários relativos às áreas florestadas, a simulação 2 foi a que apresentou maior redução dos potenciais de perdas de solo, indicando que a proteção contra erosão hídrica na bacia estudada apresentaria melhores resultados quando as áreas florestadas fossem alocadas em regiões com maiores declividades. A utilização do modelo MUSLE, de simulação de perdas de solo, em conjunto com ferramentas de geoprocessamento e sensoriamento remoto, se mostrou viável para a delimitação das áreas com maior risco de erosão.