Caracterização do microclima de ambiente protegido cultivado com feijão-vagem
Resumo
O ambiente protegido modifica os elementos meteorológicos no seu interior, com
relação ao meio externo. A cultura do feijão-vagem é considerada de alto risco,
sendo bastante sensível a condições meteorológicas adversas. O cultivo em
ambiente protegido poderá viabilizar a produção na Região Sul em épocas do ano
desfavoráveis. Face ao exposto, o presente trabalho objetivou verificar se as
condições do microclima do ambiente protegido atendem às necessidades da
cultura do feijão-vagem no período de outono. O ambiente protegido foi cultivado
com feijão-vagem, Macarrão Baixo , sob adubação orgânica, no período de março a
junho de 2007 na Universidade Federal de Pelotas. Um sistema de aquisição de
dados (Microlloger) realizou leituras através de sensores das variáveis
meteorológicas no interior do ambiente. Estes dados foram confrontados com os
dados da Estação Agroclimatológica de Pelotas (EAPel) - Convênio
EMBRAPA/UFPel. A radiação solar global no interior do ambiente protegido foi, em
média, 85,07% da radiação solar global no exterior, sendo que em 28 dias ficou
abaixo do limite trófico para hortaliças. No interior do ambiente protegido, a média
da temperatura do ar foi 18,8oC, ficando dentro dos limites recomendados para a
cultura nos períodos de germinação e desenvolvimento vegetativo. No período de
floração-frutificação, atingiu valores inferiores ao recomendado. A temperatura
média do solo foi de 25,3oC, ficando dentro dos limites recomendados. A umidade
relativa do ar apresentou uma média de 89,9% ficando acima do recomendado
todos os dias. O saldo de radiação decresceu com a proximidade do inverno,
apresentando uma média de 4,1MJ m-2 dia-1, sendo que 81,7% foi convertido em
calor latente de evaporação e 18,3% em calor sensível. O balanço de radiação ficou
dividido, em média, entre 7,14MJ m-2 dia-1 de radiação de ondas curtas e 3,04MJ m-2
dia-1 de radiação de ondas longas. O albedo da cultura foi variável durante o ciclo,
aumentando até o período de frutificação, diminuindo, em seguida, em função da
senescência e queda das folhas. A Evapotranspiração de referência média pelo
método da FAO e pelo método do tanque Classe A foram 1,21 e 1,50mm dia-1,
respectivamente. O consumo hídrico total foi de 80,63mm, com um coeficiente de
cultura de 0,79. O ciclo total de cultivo foi de 84 dias, apresentando um rendimento
de 6,03Mg ha-1, índice de área foliar máximo de 1,11; com 262,88g de matéria
fresca e 34,14g de matéria seca por planta. O rendimento energético da radiação
solar global e da radiação solar fotossinteticamente ativa máximos foram 0,2 e 0,5g
7
MJ-1, respectivamente. O microclima do ambiente protegido atendeu às
necessidades da cultura até o final do mês de abril, a partir de maio começaram a
ocorrer temperaturas inferiores ao limite recomendado, bem como níveis de
radiação solar global incidente inferiores ao limite trófico.