Desenvolvimento e reforma agrária no território zona sul do Rio Grande do Sul: Os impactos dos assentamentos na percepção das famílias.
Resumo
A dissertação analisa os impactos da implantação dos assentamentos sobre a vida e
o desenvolvimento das famílias assentadas, na região sul do estado do Rio Grande
do Sul. Buscou-se com este estudo superar as correntes avaliações das políticas a
partir dos números de sua execução, proporcionando uma avaliação a partir do
resultado a que se propõe: a melhoria das condições de vida das famílias através do
acesso a terra. Para isso considerou-se a opinião das famílias, levantadas a partir
das entrevistas como principal instrumento de análise. O estudo foi realizado em
dois assentamentos localizados em distintos contextos territoriais: o Assentamento
Santa Lúcia, situado no município de Candiota RS, território de latifúndios; o
Assentamento 12 de Julho localizado no município de Canguçu RS, território de
minifúndios e forte presença de agricultura familiar; Os resultados foram discutidos a
partir das cinco dimensões consideradas para discussão do desenvolvimento: social,
cultural, econômica, ambiental e territorial. Os dados demonstraram um impacto
positivo nas diferentes dimensões analisadas indicando uma melhoria significativa
na qualidade de vida das famílias assentadas. A intensidade destes impactos é
influenciada pelo contexto territorial onde estão inseridos os assentamentos, já que
os dois casos estudados embora apresentem semelhanças, diferem-se
quantitativamente e qualitativamente nos indicadores analisados. Outros impactos
observados referem-se à expansão da consciência social proporcionada pelo
processo vivenciado, desde a luta pela terra até a vida no assentamento. Constatouse
dessa forma que a política de implantação de assentamentos, embora não
provoque alterações significativas na estrutura fundiária, altera significativamente a
vida das famílias assentadas, representando uma nova possibilidade. Embora haja
um esforço de superação por parte das famílias assentadas, o desenvolvimento
dessa política encontra-se limitado ao caráter que a delimita: a de política social
compensatória.