Crescimento, partição de massa seca e produtividade do morangueiro em sistema de cultivo orgânico.
Resumo
Um fator determinante para o sucesso de uma lavoura de morangueiro é a escolha
da cultivar a ser utilizada. A duração do ciclo, a produtividade, a qualidade da fruta e
a resistência às principais doenças são aspectos importantes a serem considerados.
Em se tratando do cultivo orgânico do morangueiro deve-se considerar, ainda, que
as cultivares modernas atualmente disponíveis ao agricultor foram desenvolvidas em
programas de melhoramento genético caracterizados pela adoção de sistemas de
produção convencional. Assim, as cultivares provenientes desses programas podem
apresentar menores patamares de crescimento, produtividade e de qualidade das
frutas em sistemas de cultivo orgânico. Portanto, este trabalho teve como objetivo
estudar o crescimento, a partição de massa seca e a produtividade de cultivares de
morangueiro em sistema de cultivo orgânico. Para tanto, dois experimentos foram
realizados. O Experimento 1 teve como objetivo estudar o efeito de bordadura sobre
o crescimento das cultivares Albion, Aromas, Camarosa e Camino Real e a dinâmica
de crescimento dessas cultivares ao longo do ciclo de cultivo. O Experimento 2 teve
como objetivo estudar o efeito da densidade de cultivo (determinada pelo número de
linhas por canteiro 2; 3 e 4 linhas, proporcionando densidades de 3,51; 5,26 e 7,02
plantas m-2) sobre as cultivares Diamante e Aromas. Os experimentos foram
realizados na Embrapa Clima Temperado/Estação Experimental Cascata, Pelotas,
RS. O transplante das mudas foi realizado em 12/05/2008 (Experimento 1) e
04/07/2008 (Experimento 2). O delineamento experimental adotado foi o de blocos
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completos casualizados com quatro repetições. A partir dos dados de biomassa
aérea e da área foliar, determinou-se a produção e a partição de massa seca dos
diferentes órgãos aéreos das plantas, bem como a produtividade e os demais
índices e taxas de crescimento de interesse. Os resultados obtidos no Experimento 1
permitem concluir que não existe efeito de bordadura para as cultivares Aromas,
Albion, Camarosa e Camino Real. De maneira geral, a Camarosa apresenta maior
crescimento (produção de massa seca) dos órgãos vegetativos aéreos e das frutas
em relação às demais cultivares e juntamente com a Aromas , as maiores
produtividades, sendo que a primeira apresenta maior crescimento reprodutivo
precoce e, consequentemente, maior capacidade de produção precoce. A produção
acumulada de massa seca da fração vegetativa, das frutas, do total da planta, a
produtividade e o índice de área foliar nas cultivares Aromas, Albion, Camarosa e
Camino Real elevam-se continuamente ao longo do ciclo de cultivo. A contribuição
das frutas para a constituição do total da massa seca aérea das plantas varia de 2,2
a 13,4% no início da frutificação até 49,5 a 60,6% no final do cultivo o que indica que
estas são os principais órgãos drenos das plantas. A taxa de crescimento da fração
vegetativa cresce até o final do cultivo, enquanto que a taxa de crescimento das
frutas decresce a partir de 184 dias após o transplante. A taxa de crescimento
relativo é decrescente no decorrer do cultivo em todas as cultivares. Os resultados
obtidos no Experimento 2 permitem concluir que o cultivo do morangueiro na
densidade de 5,26 plantas m-2 (em linhas triplas) proporciona uma adequada
produção e partição de biomassa das plantas para as cultivares Diamante e Aromas
e produtividade de frutas de 30,4 Mg ha-1, valor superior à densidade de 3,51 plantas
m-2 (linhas duplas) e semelhante ao da densidade de 7,02 plantas m-2 (linhas
quádruplas). Ao final do ciclo de cultivo, as cultivares Diamante e Aromas
apresentam padrões semelhantes de crescimento e de produtividade.