Produção de forragem hidropônica em solução orgânica
Abstract
A produção de forragem hidropônica utilizando vermicomposto produzido
a partir do esterco dos próprios animais é uma maneira de minimizar os
problemas relacionados aos custos de produção, da falta de água no verão e
das baixas temperaturas do inverno. A adoção desta prática pode ser uma
alternativa na produção de leite, permitindo a inclusão do pequeno produtor em
um nicho crescente do mercado consumidor que é o de produtos orgânicos.
Nesse sentido, dois experimentos foram realizados em túnel alto, no Campo
Didático e Experimental do Departamento de Fitotecnia da Faculdade de
Agronomia Eliseu Maciel da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) RS,
para avaliar a produtividade e a qualidade nutricional de forragem hidropônica
produzida com solução orgânica no outono. Em ambos os experimentos o
delineamento experimental utilizado foi em blocos ao acaso com oito
tratamentos (duas culturas, duas soluções bases de recomendação e dois
vermicompostos) e cinco repetições, totalizando 40 parcelas. Foram avaliadas
as variáveis altura, fitomassa fresca e seca das plantas aos 14 dias após a
semeadura e as variáveis bromatológicas: proteína bruta, fibra bruta, fibra em
detergente ácido, fibra em detergente neutro, extrato etéreo e cinzas. As
espécies avaliadas foram: trigo (Triticum aestivum L.) e aveia preta (Avena
strigosa Schreb) no primeiro experimento e milho (Zea mayz L.) e milheto
(Pennisetum glaucum L.) no segundo experimento. As soluções nutritivas
usadas nos dois experimentos foram formuladas a partir de vermicompostos,
na forma líquida, obtidos através de esterco bovino e suíno, conforme duas
soluções base de recomendação distinta de nitrogênio: 190,6 e 105,9 mg L-1.
Entre as culturas de trigo e aveia não houve diferença significativa para as
variáveis altura de planta, fitomassa fresca, proteína bruta e cinzas. Nas
variáveis fitomassa seca e extrato etéreo a aveia foi superior enquanto que nas
variáveis fibra bruta, fibra em detergente neutro e fibra em detergente ácido o
trigo foi superior à aveia. Os vermicompostos bovino e suíno, assim como as
soluções bases não diferiram significativamente para as duas culturas
estudadas. No segundo experimento, as culturas de milho e milheto não
diferiram entre si para fibra bruta, fibra em detergente neutro e fibra em
detergente ácido. Para as variáveis altura de plantas, fitomassa fresca e
fitomassa seca, o milho foi superior enquanto que nas variáveis proteína bruta,
extrato etéreo e cinzas o milheto foi superior. Esses resultados indicam que
podemos utilizar os dois vermicompostos assim como as duas soluções bases
de recomendação sem prejuízos na produtividade, qualidade e composição
bromatológica para trigo e aveia. Enquanto que o milho obteve melhor
produtividade o milheto apresentou melhor composição bromatológica.