Inventando docências para a creche no curso de pedagogia da FURG
Abstract
A investigação que dá corpo a esta tese trata de uma pesquisa e uma escrita que têm como tema a formação para a docência com crianças de zero a três anos, tendo como locus de investigação o Curso de Pedagogia da Universidade Federal do Rio Grande –(FURG). Como objetivo geral, busco analisar como vêm se inventando docências para a creche, considerando aspectos do currículo do Curso de Pedagogia da FURG. Tal intento, tendo como fontes de dados documentos escritos e orais, desdobra-se em analisar os sentidos atribuídos aos bebês e às crianças pequenas e a sua educação nas escolas de Educação Infantil; os saberes considerados como necessários para exercer a docência na creche; os sistemas de pensamento e as experiências que produzem sentidos a respeito da docência na creche; a produção de um tipo de intelectual no processo formativo desse curso. Considerando especialmente os conceitos de currículo, processos de subjetivação e invenção a partir de um enfoque pós-estruturalista, a produção de dados consistiu de estratégias de pesquisa características do Estudo de Caso e da Etnografia, como a aplicação de questionários, a realização de observações participantes das reuniões e orientações do Estágio Curricular Supervisionado com um grupo de seis alunas, entrevistas com as alunas estagiárias e três professoras do curso, rodas de conversa com as estagiárias e análise de documentos do curso. No que tange aos procedimentos éticos, os sujeitos participantes foram esclarecidos dos riscos e benefícios de sua participação na pesquisa por meio de um termo de consentimento livre e esclarecido – TCLE. Como resultado, demonstra-se ao longo das análises que o currículo do Curso de Pedagogia da FURG é uma linha de força dentre outras linhas que disputam as subjetividades das futuras docentes. Em meio a contingências e constrangimentos, saberes e práticas tensionantes, as estagiárias utilizam determinadas estratégias para se inventarem como docentes. Uma invenção sempre parcial, provisória e contraditória, que se faz na relação com a instituição de Educação Infantil, com as crianças bem pequenas e os/as bebês, com a memória escolar das alunas e a tradição da Educação infantil, com a instituição formadora a partir de certos discursos de verdade de como devem ser e se comportar. Uma invenção que dialoga com uma memória e com uma utopia.