Independência moçambicana, política e liberdade em Orgia dos Loucos (1990), de Ungulani Ba Ka Khosa
Resumen
Este trabalho tem como objetivo principal analisar a relação entre a obra Orgia dos
loucos (1990), do moçambicano Ungulani Ba Ka Khosa, e o seu contexto de produção,
evidenciando questões sociopolíticas ligadas ao período pós-independência de
Moçambique. O livro é composto por nove contos, sendo eles: O prémio; A praga; A
solidão do Senhor Matias; Fragmentos de um diário; A orgia dos loucos; Morte
inesperada; O exorcismo; A revolta; Fábula do futuro. O espaço das histórias é
Moçambique e elas ocorrem, em sua maioria, durante o período pós-independência
do país, com exceção de alguns contos que marcam a transição entre o período
colonial e a consolidação do país como território independente. Traços desse contexto
surgem inevitavelmente nas narrativas a partir do foco do autor no cotidiano de
personagens comuns que vivem no cenário moçambicano pós-independência. Além
disso, as críticas presentes no livro abrem brecha para discutirmos sobre a liberdade
pela qual os revolucionários batalhavam na luta por libertação, questionando se ela
foi efetiva e se os moçambicanos tornaram-se realmente livres das amarras da
colonização após a independência. Os estudos pós-coloniais serviram como base
para esse debate, e utilizamos leituras como Ashcroft (2007), Afolabi (2010), Beal
(2010), Bhabha (2013), Cabaço (2009), Césaire (2020), Curtin (2010), Fanon (1961),
Laranjeira (1995), Leite (2010), Newitt (2002), Ngoenha (1993; 2022), Noa (2015),
Said (1990) e Visentini (2012), principais expoentes na área, juntamente com vários
outros autores dedicados ao estudo das literatura africanas de língua portuguesa.

