Filmes de acetato de celulose incorporados com compostos antociânicos do extrato das flores de Clitoria ternatea
Abstract
A flor da Clitoria ternatea é rica em compostos bioativos, principalmente fenólicos não
antociânicos e fenólicos antociânicos. O objetivo desse estudo foi avaliar as flores da
Clitoria ternatea cultivadas na Região Sul do Rio Grande do Sul, extrair os compostos
antociânicos utilizando um método de extração ambientalmente amigável, aplicar em
filmes de acetato de celulose e investigar o potencial para aplicação do extrato e dos
filmes na área alimentícia. Para a otimização da extração, as variáveis tempo,
temperatura e volume de solução extratora (água acidificada a 1%) foram avaliadas
através de um planejamento fatorial 23, com pontos centrais e axiais, sobre o teor de
antocianinas totais. O extrato obtido na condição ótima de extração foi avaliado
quanto à composição química, teor de fenólicos não antociânicos e antociânicos,
capacidade redutora, atividade antioxidante, toxicidade in vivo e atividade frente a
patógenos alimentares gram-positivos e gram-negativos. Os filmes de acetato de
celulose foram produzidos pela técnica de casting incorporados com o extrato das
flores da Clitoria ternatea, bem como com as flores liofilizadas, em diferentes
concentrações, com a finalidade de ser um indicador de mudança de cor, frente a
mudança de pHs. A condição ótima de extração foi de 22,5 mL, 16 min de reação à
45 ºC. Os teores de antocianinas monoméricas totais no extrato líquido foram entre
450,29 e 554,63 mg/100 g de flor seca. O extrato liofilizado foi caracterizado por
apresentar: capacidade redutora de 806,92 mg GAE/100 g, elevado potencial
antioxidante, baixa toxicidade in vivo e resultados promissores em relação a
concentração inibitória mínima e concentração bactericida mínima, frente a patógenos
alimentares. Neste, foram quantificadas treze antocianinas e nove compostos
fenólicos não antociânicos, por UHPLC/MS, que podem estar associadas aos efeitos
observados. Os filmes obtidos com acetato de celulose (20% e 30% de extrato
liofilizado; 20% e 30% flor liofilizada) não mudaram de cor frente a diferentes pHs. No
entanto, ocorreu a mudança de cor no extrato, na flor liofilizada e nos filmes quando
expostos ao cultivo de bactérias gram-negativas (S. Typhimurium e E. coli). Os
resultados sugerem elevado potencial do extrato e os filmes para estudos futuros de
aplicação em embalagens ativas para alimentos, especialmente como marcador de
contaminação microbiológica de bactérias gram-negativas.