Estratégias de doutrinação pentecostal e as táticas de resistências das crianças em um contexto rural de Santa Vitória do Palmar – RS (1990-2024)
Resumen
A presente tese apresenta os resultados da pesquisa que teve por objetivo analisar de que modos as crianças da Agropecuária Canoa Mirim, que participam do Grupo de Evangelização da Igreja Filadélfia Pentecostal, criam táticas de resistência pelas suas culturas frente às estratégias de doutrinação pentecostal direcionadas a elas, entre o período de 1990 e 2024, a partir da seguinte questão norteadora: Quais são as estratégias de doutrinações pentecostais produzidas e utilizadas na Igreja Filadélfia Pentecostal para evangelização de crianças na Agropecuária Canoa Mirim? Para responder essa questão, foram considerados as análise através de pesquisa documental e de abordagem etnográfica. A pesquisa foi realizada no Grupo de Evangelização da Igreja Filadélfia Pentecostal, com observações participativas também nos cultos da igreja, transcrição de postagens de suas redes sociais, entrevistas com lideranças da Instituição Religiosa e grupos de crianças, filmagens e descrição detalhada dos dados no Diário de Campo, que tiveram como foco investigativo identificar: i) estratégias de doutrinação; ii) táticas de resistências das crianças.
Os pressupostos teóricos que nortearam a análise dos dados consideraram, principalmente no campo da sociologia da infância: Abramowicz (2018), Corsaro (2011), Sarmento (2006), Cohn (2005), Delgado & Muller (2005) como referências teóricas. No estudo do pentecostalismo, os sociólogos Macedo (2007) e Mariano (2004), no que tange as relações de poder, Pierre Bourdieu (1974, 1975, 2002, 2003 e 2007) e os estudos de Michael De Certeau (1994, 1996, 2011).
Os resultados dessa pesquisa demonstraram que apesar das estratégias de doutrinação empregadas pela igreja estarem articuladas com o poder e capital simbólico, as crianças não se mostraram passivas. Ao contrário, adaptaram essas estratégias aos seus próprios interesses, reinterpretando-as de forma criativa e questionando a doutrinação de maneira convincente. Essa capacidade de apropriação e reinterpretação permitiu que as crianças desenvolvessem táticas de resistência sutis, desafiando o controle, as normas e as regras estabelecidas. Assim, as estratégias de doutrinação direcionadas às crianças desencadearam uma resposta ativa, resistindo criativamente como um mecanismo de oposição às ações da igreja.