Viabilidade produtiva e mercadológica da olivicultura no Rio Grande do Sul: um estudo de caso
Abstract
O Estado do Rio Grande do Sul é o maior produtor de azeitonas para azeites
do Brasil e produz azeites de excelente qualidade. Mesmo assim, 99% do azeite
consumido no país é importado demonstrando grande mercado para o produtor
gaúcho. Os objetivos deste trabalho foram levantar os custos para produção de
azeitona e de azeites e sua viabilidade econômica através de um estudo de caso.
Foram definidas as características das propriedades e com isto escolhida uma
propriedade com 30 hectares. Para este porte foram levantados os fatores de
produção, considerando benfeitorias, equipamentos, mão de obra e insumos. O
modelo de cálculo de custo do estabelecimento foi então elaborado em planilha
eletrônica com alocação de custos em variáveis, fixos, gastos operacionais e de
oportunidade. Foi estabelecido o preço de venda da azeitona e do azeite e por fim,
construído o fluxo de caixa da propriedade para 20 anos na produção da azeitona e
em 15 anos para a produção agroindustrial e calculados os indicadores econômicos:
Tempo de Retorno (payback), Valor Presente Líquido (VPL) e Taxa Interna de Retorno
(TIR), que demonstraram bom grau de segurança. Assim, constatou-se que o projeto
é viável e atrativo embora de longo prazo. Também foi proposto a criação de cenários,
com a diminuição e aumento da receita em 25%. Concluiu-se também que os custos
para implantação e manutenção dos negócios são altos e o retorno do investimento é
demorado. Ainda foi proposto um terceiro objetivo de analisar na visão dos produtores
a competitividade do setor tendo como base as teorias de Michael Porter, onde
verifica-se o enfrentamento de desafios como a falta de produtos específicos, na
adaptação de variedades e na comercialização. Por outro lado, há oportunidades no
mercado interno e externo, além da possibilidade de diversificação de renda com
turismo rural e outros produtos da oliveira. A diferenciação dos produtos, a inovação
constante e a formação de redes de produtores, que pode fortalecer o setor e facilitar
a negociação com fornecedores e compradores, são fundamentais para garantir a
competitividade no mercado. O mercado interno e externo apresenta grande potencial
para o azeite de oliva gaúcho, mas é preciso investir em marketing e fortalecer a marca
para conquistar novos consumidores. A redução de custos e a otimização da logística
são essenciais para garantir a competitividade. Por tudo isto é recomendado
fundamentalmente um planejamento financeiro detalhado para garantir a
sustentabilidade do negócio. Ao passo que são necessárias mais pesquisas para
aprofundar o conhecimento sobre a olivicultura, especialmente no que diz respeito à
cadeia produtiva e à comercialização. Em compensação a lucratividade após o tempo
de retorno também é alta o que torna a cultura atraente sob este ponto de vista.
Portanto a decisão de cultivar ou não oliveiras para a produção de azeitonas para
azeites passa pelo planejamento a longo prazo.