Caracterização de genótipos crioulos de cana-de-açúcar
Resumo
O Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar e no estado do Rio Grande do Sul o seu cultivo está associado a atividades desenvolvidas em áreas de pequena propriedade, de forma relacionada à criação de gado e ao processamento artesanal de produtos como o melado, a rapadura, o açúcar mascavo e a cachaça. O estado tem se mostrado promissor na expansão do cultivo de cana-de-açúcar, entretanto estudos com melhoramento da cultura são escassos na região. Os agricultores ainda utilizam genótipos que foram introduzidos no início do século XVIII, do exterior e de outras regiões do Brasil nas últimas décadas. Muitos destes genótipos já apresentam grande adaptação à região de clima temperado. Tal fato os torna uma excelente base para o programa de melhoramento genético da cana-de-açúcar, visando o seu desenvolvimento nesta região. Neste sentido, objetivo deste trabalho foi caracterizar a variabilidade genética de uma coleção de 187 genótipos crioulos de cana-de-açúcar coletados no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. O experimento foi realizado na Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS durante as safras 2012/2013 e 2013/2014. As características avaliadas foram: número de colmos por metro linear; número de colmos por touceira; sólidos solúveis totais (°Brix); diâmetro de colmo; tonelada de colmos por ha-1 ; tonelada de Brix por ha-1 ; peso de colmos; tipo de despalha; presença de joçal; presença de rachadura; altura de planta; diâmetro de colmo; nota geral; hábito de crescimento; massa seca; fibra em detergente neutro; fibra em detergente ácido; proteína bruta; cinzas; digestibilidade in vitro da massa seca; hemicelulose e lignina. Também foi realisada avaliação quanto à reação a doenças, maturação e resistência ao frio. As variáveis foram analisadas através da estatística descritiva e multivariada. Os genótipos apresentaram variabilidade para todas as características, de modo suficiente para ser utilizada visando à formação de um banco de germoplasma, assim como, para a realização de futuros trabalhos de melhoramento genético. Em relação ao frio, a maioria dos genótipos apresentou nível de dano baixo. Quanto às doenças, a maioria os genótipos apresentam boa e alta resistência à ferrugem marrom e mancha parda, embora existam poucos genótipos suscetíveis. Em relação à maturação, um grupo de 10% dos genótipos comportou-se como precoce, 23% como médio e 67% como tardios. Foram identificados genótipos com potencial de produtivo e que podem ser indicados para uso direto pelos produtores.

