Influência do perfil lipídico, genético e do consumo alimentar no estado nutricional de mulheres hipertensas e não hipertensas das unidades de saúde da família de Rio Grande – RS
Abstract
As doenças cardiovasculares (DCV) são as principais responsáveis pelos óbitos registrados anualmente no Brasil. As mulheres representam a maioria da população e apresentam um fator protetivo contra DCV, pois os hormônios femininos atuam na fase reprodutiva contra o desenvolvimento de DCV. O perfil nutricional da população brasileira caracteriza-se pela prevalência de doenças crônicas não transmissíveis e que resultam predominantemente da associação do consumo excessivo de alimentos altamente energéticos e do aumento de peso. A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é um dos principais fatores desencadeantes das DCV e está presente em cerca de 20 % dos adultos brasileiros. A paraoxonase tipo 1 é uma enzima antioxidante com efeito protetor anti-aterogênico da liproteína de baixa densidade (LDL) e apresenta vários polimorfismos descritos em seu gene que são considerados importantes no desenvolvimento de doença cardiovasculares. O presente estudo teve como objetivo estudar a influência do consumo alimentar, do perfil lipídico e genético no estado nutricional de mulheres hipertensas. Foi realizado um estudo transversal com 89 mulheres usuárias das unidades de saúde da cidade de Rio Grande que foram divididas em hipertensas e não hipertensas. Foi realizado nessas mulheres coleta de sangue e analisado a atividade da PON1, a genotipagem do polimorfismo da PON 1(-107)C e o perfil lipídico. Além disso, foi aplicado um questionário de frequência alimentar, coleta de dados antropométricos e um questionário geral de saúde. Foi observado que a maioria das mulheres estava na faixa etária de 50 a 59 anos (41,6%), apresentaram escolaridade de médio completo a superior incompleto (49,4%), idade de menarca de 11 a 12 anos (47,2%), não praticava atividade física (64,1%), eram não fumantes ou ex-fumantes (88,8%) e usavam algum tipo de medicamento. O Índice de Massa Corporal (IMC) e os triglicerídeos apresentaram taxas maiores em hipertensas (P<0,05). A taxa de HDL tendeu a ser menor nas mulheres hipertensas (P=0,067). As mulheres hipertensas apresentaram um maior consumo de alimentos in natura e as não hipertensas apresentaram um maior consumo de alimentos processados e ultraprocessados, porém não houve diferença estatisticamente significante entre os dois grupos.A freqüência de genótipos para o polimorfismo PON1 T(-107) C para as mulheres na população estudada foi de 25,8% (16/62) para o genótipo CC, 45,2% (28/62) para o genótipo da CT e 29,0% (18/62) para o genótipo TT. A atividade sérica da PON1 nas hipertensas foi diferente entre os genótipos, sendo maior para o genótipo CC e menor para o genótipo TT (P<0,05). Nas não hipertensas a atividade sérica da PON1 não foi diferente entre genótipos (P>0.05).A população estudada apresentou-se na sua maioria obesa. Na população de hipertensas analisada neste trabalho, não houve relação entre o polimorfismo T(-107)C e a HAS. Outros fatores influenciam nas condições de saúde destas hipertensas, visto que o IMC e níveis de TG apresentaram-se mais elevados nesta população. Além disso, o envolvimento de outros genes rela¬cionados ao quadro de HAS, e não analisados neste trabalho, não devem ser descartados.

