Potencial cardioprotetor da restrição calórica: influência sobre o estresse oxidativo e a sinalização para inflamação

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Data
2016-09-23Autor
Pedrotti, Caroline Bitencourt
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O estrogênio é um hormônio esteroide que promove cardioproteção por combater o estresse oxidativo e a inflamação. Seus níveis reduzidos, como após a menopausa nas mulheres, aumentam a propensão às doenças cardiovasculares. Tais doenças são as principais causas de morte nos países ocidentais, acometem predominantemente mulheres após a menopausa. Neste contexto, tem sido estimulada cada vez mais a descoberta de terapias profiláticas que possam evitar/retardar a patogênese das doenças cardiovasculares. A restrição calórica (RC) tem mostrado papel promissor nesse sentido, embora seus mecanismos não sejam bem conhecidos. Portanto, torna-se fundamental aprofundarmos a investigação dos mecanismos envolvidos para podermos sugerir novas abordagens terapêuticas. O objetivo do estudo foi verificar se a RC é capaz de modular a influência exercida pelo estrogênio sobre alguns fatores de risco associados a doenças cardiovasculares. Para isso, foram utilizadas 20 ratas Wistar divididas em 4 grupos experimentais (FCdieta ad libitum, FRC-restrição calórica de 30%, FOC- dieta ad libitum e ovariectomia e FORC-restrição calórica 30% e ovariectomia). Após aclimatação à dieta, foram submetidas à RC de 30% até o dia do sacrifício. Passado 5 semanas de RC de 30%, as ratas foram castradas por ovariectomia bilateral ou submetidas a simulação do mesmo em plano anestésico profundo. Feito isso, elas permaneceram em RC de 30% por mais 4 semanas, totalizando 9 semanas em RC de 30 %. Após o sacrifício por decapitação, foi realizada a coleta de sangue, para as medidas dos lipídios séricos e da paraoxanase 1, e do tecido cardíaco, para medidas de estresse oxidativo e da quantificação da expressão proteica do TLR4 e NF-kB por western blot. Como resultado observou-se que as ratas submetidas à RC tiveram uma taxa de ganho de peso menor que as alimentadas ad libtum, mesmo com a escassez de estrogênio. Nos parâmetros séricos, a RC diminuiu o TG das ratas FRC comparadas às FC e a escassez estrogênica aumentou os níveis de CT nas ratas FOC comparadas às FC e elevou também o HDL tanto nas FOC como nas FORC. A atividade da PON1 foi semelhante em todos grupos. Já a razão PON1/HDL foi significativamente reduzida nos grupos FOC e FORC em relação aos seus grupos controles. Em relação aos parâmetros de estresse oxidativo avaliados no coração, a atividade da enzima antioxidante SOD foi menor nas ratas com menos estrogênio, a RC foi capaz de diminuir a lipoperoxidação e a capacidade antioxidante total foi aumentada nos grupos FOC e FRC em relação ao grupo FC. O grupo FORC apresentou uma menor capacidade antioxidante total em relação aos seus controles (FRC e FOC). Quanto à expressão proteica do TLR4, observamos uma diminuição nos grupos FOC e FRC em relação ao grupo FC, que não diferiu do grupo FORC. A expressão do NF-kB foi significativamente menor no grupo FORC em relação ao grupo FRC. Conclui-se que a RC de 30%, ao promover a diminuição da expressão de proteínas chave para a sinalização intracelular da inflamação e da morte celular, possui potencial benéfico na prevenção de danos cardíacos ocasionados pela escassez estrogênica.
