A comida invisível: representações sociais sobre a alimentação escolar entre a comunidade escolar e os agricultores familiares na região de Pelotas, RS
Abstract
Os últimos dez anos coincidem com importantes mudanças nas políticas públicas do
Brasil, com especial destaque para a criação de programas voltados ao consumo
social que visam assegurar a compra de produtos da agricultura familiar, assim
como, o fornecimento de uma alimentação saudável às crianças de escolas
públicas. Esse é o caso do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), cuja
ênfase recai em conciliar a educação alimentar para os alunos que frequentam a
rede pública de ensino e o acesso ao mercado para os agricultores familiares.
Diante deste cenário a tese em tela versa sobre as representações sociais em torno
da alimentação escolar, a partir de alimentos produzidos por agricultores familiares
na região sul do RS. O estudo esteve centrado em compreender como se dão os
desdobramentos do PNAE que visa garantir a segurança alimentar e nutricional nos
municípios de Canguçu, Cerrito e São Lourenço do Sul. Para dar conta disto
realizamos uma pesquisa eminentemente qualitativa através da realização de
grupos focais em seis escolas da rede municipal, com alunos da zona rural e
urbana, bem como, entrevistas em profundidade com 42 atores envolvidos com o
programa (agricultores familiares, gestores municipais, servidores escolares,
representante do MDA e técnicos da EMATER). Os dados coletados a campo entre
os anos de 2011 e 2013 foram analisados através da metodologia de Análise de
Conteúdo com auxilio do software QRS NVIVO10. Dentre os principais resultados
está constatação da falta de importância dada à alimentação escolar dentro das
escolas, fato que reforça os índices de transição nutricional agravando os perigos
causados por uma alimentação inadequada. Percebe-se claramente que a
operacionalização do programa está atrelada diretamente ao interesse dos gestores
públicos e o entendimento de que as ações do mesmo devem acontecer de forma
conjunta e transversal. Os resultados ainda demonstram que este programa tem se
tornado uma ferramenta em potencial para garantir a segurança alimentar e
nutricional dos educandos. Todavia, as representações sociais em torno de uma
“comida boa” nem sempre correspondem aos preceitos de uma alimentação
saudável, o que nos parece evidenciar a necessidade de aperfeiçoamento desta
política pública.
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