Substratos à base de casca de arroz para o cultivo de flores de corte em sistema de canais com recirculação da solução nutritiva
Resumen
As flores de corte, de maneira geral, são bastante suscetíveis às variações
ambientais, sobretudo deficiência hídrica, temperaturas extremas, problemas do
meio de cultivo, que podem resultar no desenvolvimento deficiente da produção
final. O cultivo de flores de corte em substrato disposto em canais, com recirculação
da solução nutritiva drenada, pode ser uma alternativa para a obtenção de elevado
rendimento produtivo de hastes florais de qualidade, além de promover a otimização
de recursos, materiais e uso racional da água. Neste sentido, torna-se interessante o
estudo do efeito de substratos à base de casca de arroz, material abundante no sul
do Brasil, sobre o crescimento, a qualidade e as respostas produtivas das plantas de
gipsofila (Gypsophila paniculata) e lisiantos (Eustoma grandiflorum). Paralelamente,
é importante a utilização de adequado manejo fitotécnico para que as plantas
respondam positivamente ao sistema proposto. Desta forma, dois experimentos
foram conduzidos em casa de vegetação na Universidade Federal de Pelotas, no
município de Capão do Leão – RS no ano de 2015/2016. O experimento 1 teve
como objetivo avaliar diferentes substratos à base de casca de arroz [casca de arroz
carbonizada (CAC) e casca de arroz in natura (CAIN), empregadas isoladamente, e
as misturas de CAC + substrato comercial orgânico S10 (Beifort
) (15%) e CAIN +
S10 (15%)] e a época de poda (precoce e tardia) para a produção de gipsofila.
Avaliaram-se o crescimento, a produção, a qualidade, a soma térmica, o consumo
hídrico e a fenologia da cultura. Os resultados obtidos no experimento 1 indicaram
que, para todas as variáveis analisadas, não houve interação significativa entre
substrato e época de poda. Pode-se indicar os substratos de CAC 100% ou a
mistura CAIN + S10 (15%) para o cultivo de gipsofila em canais. O substrato CAIN
100% resultou em menor crescimento da parte aérea, menor produção e inferior
qualidade das hastes. Os substratos não afetaram a partição de massa seca entre
flores e órgãos vegetativos e o equilíbrio entre o crescimento da parte aérea e das
raízes. A poda tardia antecipou o ciclo da cultura, aumentou o crescimento das
hastes e a produtividade de gipsofila, melhorando a qualidade. O período de maior
soma térmica acumulada (STa) para a poda precoce é na fase fenológica de
elongação e iniciação floral (III) e para a tardia na fase vegetativa (I). O maior
consumo de água pelas plantas ocorreu na fase III, tanto para o acumulado, quanto
para o consumo diário. O consumo médio total acumulado durante o ciclo foi de 7,05
litros planta-1
e o consumo médio diário foi de 0,309 litros planta dia-1
. Os substratos
CAC+S10 e CAIN+S10 foram superiores na eficiência no uso da água (EUA) para a
produção de massa fresca (MF) em relação aos materiais puros, e não afetaram a
produção de massa seca (MS). Foi verificado que as plantas de gipsofila produziram
em média 9,36 g de MS para cada litro de água consumido. No segundo
experimento, o objetivo foi avaliar o crescimento e a qualidade das plantas de
lisiantos, também, em diferentes substratos à base de casca de arroz [casca de
arroz carbonizada (CAC); casca de arroz in natura (CAIN); CAC (70%) + substrato
comercial orgânico S10 (Beifort
) (30%) e CAIN (70%) + S10 (Beifort
) (30%)]. Os
substratos CAIN + S10 e CAC podem ser utilizados para a produção de lisiantos
para flor de corte em sistema de cultivo em canais com recirculação da solução
nutritiva, uma vez que ambos proporcionaram hastes com elevado padrão de
qualidade, com destaque para o primeiro, que promoveu um maior crescimento das
plantas. O uso de CAIN como material isolado para substrato prejudicou o
crescimento das plantas e impediu o florescimento, modificando as relações de
partição de massa seca entre os órgãos das plantas. Os resultados são decorrentes
da melhor qualidade das características físicas e químicas do substrato CAIN+S10,
em virtude da presença do composto orgânico, que aumentou a capacidade de
retenção de água, e da alta porosidade da CAIN. Assim, constata-se que a gipsofila
e o lisiantos adaptaram-se de forma adequada ao sistema de cultivo em canais
preenchidos com substratos à base de casca de arroz, com recirculação do lixiviado.
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