Os pêssegos não caem do céu: relações de trabalho a agricultura familiar no município de Pelotas/RS.
Resumen
A questão da mão de obra é um tema cada vez mais importante diante da redução
da disponibilidade de força de trabalho no âmbito da agricultura familiar e no espaço
rural como um todo. Partiu-se da premissa de que, mesmo no âmbito da agricultura
familiar, a questão das relações de trabalho tem uma especificidade. Deste modo,
há que considerar as atuais formas de trabalho e sua relevância para a continuidade
da atividade agrícola e, de modo particular, no que tange à produção de pêssegos
no município de Pelotas/RS. Trata-se de cultivo que diverge frontalmente de culturas
como a soja, conhecidas justamente por demandarem cada vez menos a força de
trabalho em face do aumento da mecanização dos processos produtivos. Neste
contexto, verificou-se a relevância de conhecer as condições sociais de existência
dos trabalhadores rurais (avulsos, temporários ou safristas) que atuam ao longo do
ciclo dessa cultura sobretudo nas atividades de poda, raleio e colheita. O objetivo
primordial da pesquisa foi analisar as relações de trabalho junto às explorações
familiares dedicadas à produção do pêssego em Pelotas, com ênfase na questão da
contratação de trabalhadores safristas. A metodologia incluiu o uso de diversas
fontes (primárias e secundárias). No primeiro caso, através da realização de
entrevistas em profundidade, as quais foram aplicadas entre os meses de fevereiro e
agosto de 2017 junto a quinze agricultores familiares e cinco trabalhadores rurais
que atuam nas aludidas etapas do processo produtivo. No segundo caso, mediante
levantamento de dados censitários e diversas informações gerais e específicas junto
a órgãos oficiais, sindicatos e em outras instituições. As conclusões do estudo
apontam para a imprescindibilidade dessa relação entre agricultores familiares e
trabalhadores rurais. A redução na disponibilidade de braços, dentro e fora da
exploração, se apresenta como um fator que limita a ampliação dos pomares e
representa uma ameaça para o futuro da atividade persícola. As dificuldades de
regularização dessa relação de trabalho fazem com que a clandestinidade seja vista
como um fato natural entre produtores e trabalhadores rurais. A incidência da
pluriatividade entre os produtores de pêssego foi outro aspecto detectado na
pesquisa.
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