A constituição de subjetividades em meio a contextos discursivos normalizadores: ser, estar e existir como indivíduo neurodivergente.
Resumo
Esta pesquisa integra a linha de Aquisição, variação e ensino, que compõe a Área de Linguagem, texto e imagem, do Programa de Pós-Graduação em Letras, integrado ao Centro de Letras e Comunicação da Universidade Federal de Pelotas. O presente trabalho, ao analisar duas entrevistas narrativas, tem por objetivo identificar os efeitos de sentido que, produzidos a partir de discursos que naturalizam um certo padrão de normalidade e diferença, recaem sobre indivíduos neurodivergentes e afetam a formação de subjetividades e performances identitárias. O campo teórico deste estudo, alicerçado na Linguística Aplicada Indisciplinar, faz um breve percurso histórico a fim de chegar ao entendimento da linguagem como constitutiva de significados, seguindo, para isso, caminhos desbravados pelas viradas linguística e performativa. Logo, segue por vias indisciplinares, as quais permitem o atravessamento/apagamento de fronteiras disciplinares, oportunizando a busca de teorizações oriundas de outras áreas e, assim, ampliando o conhecimento sobre a saúde mental, especialmente, no que diz respeito à neurodiversidade e aos transtornos neuropsíquicos. As análises desenvolvidas, ao investigarem os efeitos de sentidos que se incorporam na subjetividade de sujeitos neurodivergentes, ponderam o poder performativo do discurso, tendo por base a noção de D/discurso (GEE, 1999), o conceito de posicionamento, conforme Davies e Harré (1990) e as ferramentas analíticas (pistas indexicais) propostas por Wortham (2001). Tais pistas, ao serem examinadas, levaram a constatação de efeitos negativos sofridos por tais sujeitos, evidenciando a necessidade de elaboração e reconhecimento de novos d/Discursos, que legitimem a diversidade humana, incluindo, imprescindivelmente a neurodiversidade.
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