O Jornal Escolar: escrita e pensamento.
Abstract
Esta dissertação relata uma pesquisa desenvolvida a partir da criação de um jornal
escolar, em aulas de língua materna, por uma turma de 7ª série do Ensino
Fundamental de uma escola da rede pública municipal de Pelotas/RS, composta por
trinta alunos. O projeto procurou incentivar nos alunos o gosto pela leitura e pela
escrita, de forma prazerosa, observando a norma culta, bem como exercitar e
desenvolver suas funções psicológicas superiores (a capacidade de realizar
comparações, diferenciações, abstrações, planejamentos, argumentações,
avaliações, por exemplo) através de atividades que avaliassem criticamente a
qualidade de textos jornalísticos, tanto nos aspectos relacionados à forma, quanto
nos aspectos relacionados ao conteúdo. A pesquisa foi fundamentada por teóricos
da área da Lingüística e da Psicologia Sócio-Histórica, como por exemplo, Halliday
(1976) e Vygotsky (1982), os quais investigaram o papel da linguagem no
desenvolvimento do indivíduo. Também se estabeleceu uma interlocução com
teóricos que estudam o ensino da língua materna e os processos de letramento,
como Faria (2002), Kato (1986), Tfouni (1995), Soares (2003) e Possenti (2002). A
metodologia de avaliação do projeto teve um cunho qualitativo, sendo os dados
coletados, junto aos alunos, por meio de dois questionários aplicados no começo e
no fim do trabalho, respectivamente; uma avaliação final do projeto (escrita); e textos
escritos durante as atividades realizadas em aula. Esses dados foram
complementados com as anotações do diário de campo da pesquisadora. Os dados
dos questionários e da avaliação foram analisados por meio de um processo de
análise de conteúdo e os textos foram examinados em seus aspectos lingüísticos,
tentando verificar os efeitos das atividades desenvolvidas sobre a habilidade de
escrita dos alunos. Os resultados sugerem que o Projeto Jornal na Sala de Aula
trouxe sentido às atividades, proporcionando o aumento da consciência dos alunos
sobre o que é ler e escrever. Há indícios de que os alunos passaram a praticar a
leitura com satisfação e mostraram-se motivados à escrita; de avanço em relação à
capacidade de planejamento verbal; e de evolução em termos de autoria, o que
ilustra o desenvolvimento de processos de pensamento. Os achados deste trabalho
podem contribuir para a discussão sobre a utilização do jornal escolar como
elemento motivador e fomentador dos processos de aprendizagem dos alunos.
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