Construção do sistema agroflorestal doceiro: desenvolvimento territorial através da agroecologia e do patrimônio cultural imaterial
Abstract
Esse estudo visou produzir conhecimento sobre o Grupo Sistema Agroflorestal Doceiro (SAF Doceiro), formado por agricultores, técnicos, pesquisadores e agentes da SMDRTur de Morro Redondo, visto que há poucos estudos nessa relação da agricultura sustentável e a preservação do patrimônio cultural. Diante da necessidade de mudanças na produção agrícola convencional, os sistemas agroflorestais, vertente da agroecologia, busca conferir autonomia, cultivo simultâneo, melhoria na qualidade do solo e retorno econômico. Com isso, o SAF Doceiro tem a intenção de salvaguardar a tradição doceira da região, reconhecida nacionalmente pelo IPHAN, como patrimônio cultural imaterial, a partir de frutas produzidas de forma agroecológicas, em sistemas agroflorestais. Nesse sentido, o estudo teve como objetivo analisar o Grupo SAF Doceiro a partir dos principais aspectos de participação e pertencimento ao Grupo. Foram realizadas observações participantes durante as reuniões do Grupo e foram realizadas entrevistas com participantes selecionados. Para a análise dos dados foi feito análise de conteúdo, com notas de campo, provenientes das observações participantes e das transcrições das entrevistas. A partir dessa análise, foram extraídos códigos que originaram categorias, subcategorias e temas, nos quais são Desenvolvimento territorial, Aspectos ecológicos e Tradição doceira. A grande maioria dos agricultores pertencem ao Grupo, dentre outros fatores, para aprendizado sobre SAF e troca de saberes, que se referem ao tema Desenvolvimento Territorial. Por outro lado, os relatos sobre a tradição doceira foram mais escassos entre os agricultores e mais predominantes entre os representantes das instituições. Além disso, a pesquisa mostrou que os aspectos de pertencimento ao Grupo relatados pelos integrantes nas entrevistas, estão sendo atendidos pelas ações do Grupo SAF Doceiro. Portanto, para a maioria agricultores, o Grupo possui a função de aprendizado, relacionamento, troca de mudas, além de aspectos ecológicos, principalmente para amenizar os períodos de seca. A inserção de novos agricultores, detentores do saber-fazer doceiro, bem como a divulgação do Grupo, devem estar dentre os incentivos do poder público, além de assistência técnica em todas as etapas para a produção e comercialização do produto agroflorestal.
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