Perfil alimentar de crianças indígenas Yanomami de seis a 59 meses, segundo o grau de processamento dos alimentos.
Abstract
A presente dissertação avaliou o perfil alimentar de crianças indígenas Yanomami de 6-59 meses, segundo o grau de processamento e avaliou a associação com fatores sociodemográficos, maternos e antropométricos. Foram obtidos dados do consumo alimentar da criança referente ao dia anterior à entrevista por meio de uma lista de alimentos, baseada em estudos anteriores com a população indígena. Os alimentos consumidos foram agrupados de acordo com o sistema NOVA: in natura ou minimamente processados; ingredientes culinários processados; processados e ultraprocessados. Os alimentos in natura ou minimamente processados foram categorizados em “regionais” e “urbanos”. O consumo alimentar foi estratificado por faixa etária (6-23; 24-59 meses) e as associações do consumo de alimentos ultraprocessados com variáveis socioeconômicas, demográficas, maternas e da criança foram testadas por regressão de Poisson com variâncias robustas. Foram incluídas neste estudo 251 crianças. Destas, 61,2% eram do sexo feminino e 73,3% tinham idade entre 24 e 59 meses. Observou-se uma frequência de alimentos in natura ou minimamente processados de 92,8% para os “regionais” e 56,2% “urbanos”. A frequência de consumo de ingredientes culinários processados foi 41%, alimentos processados 11,9% e ultraprocessados 31,9%. Dentre os alimentos in natura ou minimamente processados “regionais”, os consumidos com maior frequência foram: frutas (68,9%); milho, raízes ou tubérculos (44,6%); pupunha ou palmito (33,1%); peixes ou caranguejo (32,7%) e beiju ou cuscuz (31,9%). Já dentre os in natura ou minimamente processados “urbanos”, os mais consumidos foram: feijão (29,5%), arroz ou macarrão (19,5%), frango (16,7%), café ou café com leite (15,1%) e leite de vaca em pó (10,0%). Em relação aos ingredientes culinários processados, foram relatados: açúcar (34,7%), sal de cozinha (34,7%) e óleo vegetal (22,3%). Quanto aos alimentos processados, os mais consumidos foram: carnes enlatadas, embutidas e processadas (10,0%) e pães (2,8%), enquanto, para os ultraprocessados, foram mais relatados: bolos, biscoitos ou bolachas (24,7%), chocolate ou achocolatado em pó (6,0%). Após ajuste para fatores de confusão, observou-se que a prevalência de consumo de alimentos ultraprocessados foi 11,6 vezes maior em Maturacá e 9,2 vezes maior em Ariabú, quando comparado com Auaris. A prevalência de consumo de alimentos ultraprocessados foi 31% menor entre as crianças de mães com baixa estatura.
Collections
The following license files are associated with this item: