Bioecologia e técnicas de criação de parasitoides (Hymenoptera) nativos de três espécies de Anastrepha no Brasil e no México
Abstract
Dentre as principais pragas da fruticultura no Brasil, destacam-se as moscas-das-frutas (Diptera: Tephritidae). Dentre os inimigos naturais destas pragas, destaca-se o
endoparasitoide larva-pupa Doryctobracon brasiliensis (Szépligeti, 1911)
(Hymenoptera: Braconidae) que possui ampla distribuição geográfica na América do
Sul e parasita larvas de diferentes espécies de moscas-das-frutas, em diferentes
hospedeiros. Estas características o fazem um potencial agente de controle
biológico, especialmente de Anastrepha fraterculus (Wiedemann, 1830) (Diptera:
Tephritidae), principal espécie de mosca-das-frutas praga da fruticultura no sul do
Brasil. Para o México, as duas principais espécies de moscas-das-frutas são
Anastrepha ludens (Loew, 1873) (Diptera: Tephritidae) e Anastrepha obliqua
(Macquart, 1835) (Diptera: Tephritidae), as quais são hospedeiras de várias
espécies de parasitoides nativos, com destaque para os das famílias Braconidae
[Utetes anastrephae (Viereck 1913), Doryctobracon crawfordi (Viereck, 1911) e
Opius hirtus Fischer, 1963], Eucoilidae [Odontosema anastrephae (Borgmeier,
1935)], Diapriidae [Coptera haywardi Loiácono, 1981] e Chalcididae (Dirhinus sp.)
Assim, o objetivo deste trabalho foi conhecer a bioecologia e desenvolver técnicas
de criação para parasitoides nativos de moscas-das-frutas. Para tal, foram
realizados os seguintes estudos: I) desenvolvimento de uma metodologia de criação
de D. brasiliensis em larvas de A. fraterculus; II) biologia de D. brasiliensis em
diferentes temperaturas: tabela de vida de fertilidade e exigências térmicas; III)
criação de parasitoides nativo das Américas para o controle biológico de A. obliqua;
e IV) seria A. obliqua hospedeiro natural dos parasitoides nativos D. crawfordi e O.
hirtus? No primeiro trabalho, onde se realizou experimentos visando o
desenvolvimento de uma técnica de criação de D. brasiliensis, determinou-se que
larvas de 3º instar de A. fraterculus são preferidas para o parasitismo em relação às
do 1º e 2º instar. O tempo de 12h de exposição de larvas de A. fraterculus a fêmeas
de D. brasiliensis propiciou a produção de um maior número de parasitoides, maior
percentual de parasitismo e maior proporção de fêmeas na população descendente.
A quantidade de 25 larvas de A. fraterculus oferecidas por fêmea de D. brasiliensis,
propiciou a maior produção de parasito ides. O fornecimento de mel a 20% para os
parasitoides é essencial para que se produza maior quantidade de descendentes e sejam mais longevos. No segundo trabalho, observou-se que fêmeas mantidas nas
diferentes temperaturas produziram uma maior quantidade de parasitoides na faixa
térmica de 18 a 22ºC, sendo que o número de descendentes gerados por fêmea
variou de 99,4 a 173,8, respectivamente. A longevidade de machos e de fêmeas foi
inversamente proporcional à temperatura, variando de 43, 9 a 7,4 dias para fêmeas e
de 24,4 a 4,6 dias para machos, nas temperaturas de 15 a 30ºC, respectivamente. A
duração do ciclo biológico (ovo-adulto) variou de 41,2 dias a 18ºC para 20,9 dias a
25ºC. Nas temperaturas de 15, 28 e 30ºC não ocorreu desenvolvimento dos estágios
imaturos de D. brasiliensis. A 20 e 22°C foram observados os maiores valores da
taxa líquida de reprodução (Ro) e de razão finita de aumento ( λ), de forma que na
temperatura ótima estimada (21°C), a população de D. brasiliensis aumentou 47
vezes a cada geração. O limiar térmico inferior de desenvolvimento ou temperatura
base (Tb) e a constante térmica (K) foram de 10,0ºC e 303,2 graus -dia. No terceiro
trabalho, determinou-se que nem todas as espécies de parasitoides estudadas, se
desenvolvem com a mesma eficiência em imaturos de A. obliqua, onde U.
anastrephae e C. haywardi apresentaram maior potencial para a criação em
laboratório. Utetes anastrephae apresentou melhor desenvolvimento em larvas
jovens (de 5 - 6 dias), das quais se obteve uma maior emergência de adultos e
consequentemente, maior porcentagem de parasitismo, com maior taxa de
sobrevivência. Coptera haywardi apresentou melhor desenvolvimento em pupas de
1 a 4 dias de idade, onde se obteve maior emergência, maior parasitismo, adultos
com maior habilidade de voo e maior longevidade. No quarto trabalho, ficou
evidenciado que D. crawfordi e O. hirtus preferem parasitar larvas de A. ludens e
que não podem completar seu desenvolvimento em larvas de A. obliqua, apesar de
ovipositarem neste hospedeiro. Ocorreu encapsulamento e melanização dos
imaturos de ambas espécies de parasitoides. As informações obtidas nestes
trabalhos contribuem para um maior conhecimento da bioecologia das espécies de
parasitoides de moscas-das-frutas e propiciam o estabelecimento de técnicas de
criação para estas especies.
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