Crescimento, fenologia e rendimento do tomateiro cereja em cultivo hidropônico
Resumo
O emprego de um novo sistema de produção demanda conhecer o
comportamento das culturas e definir o manejo mais adequado. É necessário,
portanto, conhecer as relações que regem o funcionamento da planta e, em seguida,
compreender a forma segundo a qual todas essas relações se encandeiam entre si
para resultar no rendimento final. A dinâmica do crescimento, a caracterização
fenológica e os componentes do rendimento da cultura do tomate cereja vermelho
(Lycopersicon esculentum var. cerasiforme), cultivado em sistema hidropônico
durante o ciclo de verão-outono de 2008, foram estudados através de dois
experimentos conduzidos em estufa plástica, no Campus da Universidade Federal
de Pelotas, RS. O primeiro experimento foi realizado objetivando-se estudar o efeito
de diferentes níveis de concentração iônica da solução nutritiva sobre o crescimento
e os componentes do rendimento do tomateiro cereja (número de frutos, peso médio
do fruto e produção de frutos). Este fator experimental foi avaliado em quatro
diferentes níveis: solução nutritiva padrão, contendo 100% da concentração de
nutrientes recomendada pela Japan Horticultural Experimental Station ,
correspondendo a uma condutividade elétrica inicial (CEi) de 2,3 dS m-1; soluções
nutritivas com reduções de 25% e 50% e com incremento de 25% da concentração
de nutrientes em relação à solução padrão, correspondendo a CEi de 1,3; 1,8 e 2,8
dS m-1, respectivamente. Outro fator experimental estudado neste experimento foi a
posição do cacho floral e sua influência sobre os componentes do rendimento. As
avaliações fenológicas foram realizadas em plantas conduzidas na solução padrão.
O segundo experimento foi conduzido a fim de verificar o efeito da baixa demanda
de drenos sobre o crescimento vegetativo em plantas cultivadas com solução
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nutritiva padrão. Dois tratamentos foram estabelecidos: baixa demanda de drenos
(ausência de frutos na planta através da remoção de todas as inflorescências) e alta
demanda de drenos (através da permanência das inflorescências e permitindo-se a
frutificação na planta). Em ambos os experimentos, a partir dos dados de matéria
seca e da área foliar acumuladas ao longo do período experimental, determinou-se a
produção e distribuição de matéria seca entre os diferentes órgãos aéreos da planta
e os índices de crescimento. Através dos resultados obtidos no primeiro experimento
conclui-se que: a fase vegetativa corresponde a 30,9% do ciclo de cultivo e o
número de flores emitidas independe da posição da inflorescência na haste principal;
a posição do cacho floral na planta não afeta os componentes do rendimento
número e peso médio do fruto, exercendo pouca influência sobre a produção de
frutos por cacho do tomateiro cereja; a variação da concentração iônica da solução
nutritiva (na faixa entre 1,3 e 2,8 dS m-1) não afeta o número de frutos colhidos por
planta mas uma CE superior a 2,3 dS m-1 provoca uma redução no peso médio do
fruto; a expansão foliar, o crescimento de frutos e a produtividade do tomateiro
cereja diminuem quando a concentração iônica da solução nutritiva aumenta no
intervalo entre 1,8 e 2,8 dS m-1 e quando é reduzida de 1,8 para 1,3 dS m-1; a
solução nutritiva com CE de 1,8 dS m-1 pode ser recomendada para aumentar a
produtividade do tomateiro cereja em sistema hidropônico no ciclo de verão-outono.
Os resultados observados no segundo experimento mostram que os frutos
corresponderam à aproximadamente 26% da matéria seca total das plantas nas
quais se permitiu a frutificação. Desta forma, no tomateiro cereja vermelho, os frutos
não foram os maiores drenos de fotoassimilados, uma vez que as folhas
representaram aproximadamente 39% da matéria seca total das plantas que
frutificaram. Assim, a fração folhas caracterizou-se como a maior fonte e, ao mesmo
tempo, como o maior dreno de fotoassimilados. Os frutos competem mais fortemente
com as folhas do que com o caule pelos assimilados, indicando que caule e folhas
não se caracterizam como um compartimento único de estocagem de
fotoassimilados.