O Processo de Certificação de Hortaliças na Cooperativa Sul Ecológica de Agricultores Familiares Ltda.: um estudo de caso.
Resumen
Essa dissertação analisa o processo de certificação com controle social para a venda direta iniciada junto aos agricultores familiares ecologistas integrados à Cooperativa Sul Ecológica de Agricultores Familiares Ltda. dos municípios de Pelotas e São Lourenço do Sul, RS. A escolha destes dois municípios parte da existência, nos últimos anos, de um mercado institucional permanente. Isto possibilitou uma efetiva produção de hortaliças pelos agricultores familiares ecologistas inseridos em cada município, direcionadas ao atendimento do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PANE). Através destes programas, os alimentos orgânicos ganharam, a partir do ano de 2011, a necessidade da garantia de qualidade por meio da certificação. A Cooperativa Sul Ecológica trata da questão orgânica para além dos determinantes técnico-econômicos, incorporando princípios da Agroecologia na produção das hortaliças. Para tanto, a certificação com controle social para a venda direta é a que melhor atende as necessidades atuais da Cooperativa. Caracterizar os agricultores familiares ecologistas integrados à Cooperativa Sul Ecológica, conhecer seus meios de produção e identificar suas possibilidades de representação nas normativas da produção orgânica e do mercado institucional tornam-se imprescindíveis para qualificar as técnicas estabelecidas pelo Estado. Através de entrevistas com questionário semi-estruturado e de uma observação participante, a investigação com 30 famílias pertencentes à Cooperativa e atuantes no mercado institucional, proporcionou o levantamento de respostas para os questionamentos formulados. Os dados obtidos com a investigação demonstram nitidamente a relevância de uma legislação baseada no cotidiano vivenciado pelos sujeitos no mundo rural. Ao mesmo tempo, evidencia o conhecimento adquirido através de práticas em grupo pelos agricultores familiares investigados sobre as técnicas utilizadas pela produção de base ecológica de hortaliças, indo ao encontro do exigido pelas normas da produção orgânica. É notória, também, a participação constante desses sujeitos nos acontecimentos do entorno onde convivem, bem como em outros meios, de forma a potencializar o controle social e garantir, dessa forma, a qualidade orgânica dos produtos direcionados à alimentação das sociedades próximas. Conseqüentemente, a possibilidade de trocas de experiências e de vivências entre os integrantes do mercado institucional é favorecida.