Estágios de mudança de comportamento alimentar e prática de atividade física em população adulta adscrita às Unidades Básicas de Saúde de Pelotas, RS
Resumo
A elevada prevalência de obesidade e suas consequências demandam ações efetivas
para seu controle, sobretudo na Atenção Primária à Saúde (APS). Durante o processo
de modificação de comportamentos de saúde, os indivíduos passam por diferentes
fases, denominadas estágios de mudança do comportamento - EMC. O
desenvolvimento de intervenções nutricionais específicas para cada estágio pode
contribuir para a mudança de hábitos e adoção de práticas alimentares saudáveis em
nível individual ou populacional. O presente estudo teve como objetivo avaliar os EMC
em população adulta adscrita em unidades básicas de saúde da cidade de Pelotas,
RS e investigar a relação desses estágios com o grau de afiliação com o serviço de
atenção primária à saúde. Estudo descritivo transversal foi realizado em territórios de
Estratégia Saúde da Família na cidade de Pelotas, RS. Um instrumento adaptado foi
utilizado para investigar quatro comportamentos de saúde: tamanho e quantidade das
porções, consumo de frutas e vegetais, quantidade de gordura e prática de atividade
física. Os participantes foram classificados nos EMC (pré-contemplação,
contemplação, decisão, ação e manutenção) por meio de algoritmo específico. Dados
sociodemográficos, econômicos e antropométricos foram coletados para fins de
análise de associação. A análise incluiu qui-quadrado e regressão de Poisson.
Duzentos e trinta e dois indivíduos participaram do estudo. A maioria encontrava-se
no estágio de manutenção para tamanho e quantidade das porções (54%), quantidade
de gordura (61%) e prática de atividade física (70%), enquanto 43% estava em pré contemplação para consumo de frutas e vegetais. A prevalência no estágio final para
tamanho e quantidade das porções foi menor nos mais jovens e diabéticos. Mulheres
e aqueles que referiram vínculo com o serviço de saúde e profissional de referência
encontravam-se nos estágios finais para consumo de frutas e vegetais. Maior
prevalência também foi observada em mulheres para quantidade de gordura e nos
indivíduos com afiliação à APS para prática de atividade física. A importância da
avaliação de EMC na atenção primária para melhor orientação e acompanhamento
aos pacientes desse serviço foi evidenciada, com vistas a adoção de hábitos
adequados e saudáveis.