Levantamento sobre práticas de produção e utilização de silagem em fazendas leiteiras na região sudeste do Rio Grande do Sul
Resumo
A região sudeste do Rio Grande do Sul é caracterizada por pequenas propriedades rurais, majoritariamente pertencentes à agricultura familiar, onde a produção de leite tem papel socioeconômico fundamental. Nessa atividade, destaca-se o uso de silagem como estratégia para manter a produtividade dos rebanhos, principalmente durante períodos de escassez de forragem. Apesar da importância desse recurso, há uma notável escassez de dados sobre as práticas adotadas na produção e utilização da silagem na região, o que justifica a necessidade de levantamentos regionais que caracterizem as práticas adotadas, permitindo intervenções específicas e eficazes. Com base nas respostas sobre a produção média diária de leite, foram formados quatro grupos, conforme segue: 1) propriedades com produção inferior a 100 L/dia, 2) entre 100 e 250 L/dia, 3) entre 250 e 500 L/dia, e 4) superior a 500 L/dia. Nos casos em que houve pelo menos 5 respostas por grupo, os dados foram analisados estatisticamente para correlacionar as práticas adotadas com os diferentes níveis de produção de leite. Nenhuma propriedade com produção diária inferior a 100 L utiliza plantio direto (P = 0,046). Em contraste, 36,4% das propriedades que produzem mais de 500 L/dia adotam essa prática. Propriedades com maior produção de leite utilizam mais forrageiras de inverno (plantas C3 de estação fria) para a produção de silagem (P < 0,001). A maioria (77,7%) das colhedoras de forragem não possui “cracker”, um dispositivo que melhora o processamento dos grãos e a digestibilidade do amido. Silos do tipo trincheira são mais comumente usados por propriedades com maior produção de leite (P = 0,032), possivelmente devido ao menor custo e à facilidade de uso. Houve uma mudança clara do uso de lona plástica preta para lona dupla face (preta e branca) com o aumento da produção de leite (P < 0,01). Propriedades com maior produção utilizam mais inoculantes bacterianos para garantir uma boa fermentação da silagem (P = 0,006). Pequenos produtores veem os inoculantes como um custo adicional, e não como um investimento. As propriedades leiteiras no sudeste do RS são predominantemente de pequeno porte e familiares, com o milho sendo a principal forrageira utilizada na produção de silagem, geralmente associada a práticas de manejo inadequadas. Produtores com maior produção diária de leite adotam práticas mais adequadas, como sistemas de plantio direto, uso de forrageiras de inverno e análise da composição química da silagem para melhor controle de qualidade. Há uma necessidade significativa de assistência técnica para melhorar a produção de silagem e, consequentemente, a eficiência e produtividade da atividade leiteira na região.

