Construindo pontes: educação dialógica alteritária e o ensino de espanhol na fronteira Jaguarão/BR - Rio Branco/UY
Resumen
Este trabalho está inserido em uma área de estudos que envolve diretamente sujeitos
e as interações que ocorrem nas comunidades linguísticas, especialmente no que
tange ao ensino e aprendizagem de línguas em área de fronteira. Vislumbrando uma
oportunidade de repensar o ensino de língua espanhola em contexto fronteiriço,
temos como questão norteadora a responder, a partir dos dados obtidos e de sua
análise: quais os princípios que norteiam o ensino de espanhol na região de fronteira
e como eles se relacionam com a proposta de educação/ensino dialógica alteritária
de educação? Para tanto, foi elaborado como objetivo geral desta pesquisa: propor os
princípios para a implementação de uma proposta de ensino dialógico alteritário de
espanhol em territórios de fronteira com países falantes dessa língua, inserido em um
campo teórico que envolve diretamente local, sujeitos, línguas e ensino, a partir de
uma comparação com os preceitos do ensino tal como é atualmente. Para
desenvolver o trabalho, nos apoiamos na teoria dialógica proposta pelo Círculo de
Bakhtin (Volóchinov, 2019, 2021 [2017]; Bakhtin, 2010, 2016, 2020 [2009]), também
por reflexões dos autores Sobral (2009, 2020); Brait (2020 [2005; 2006]); Faraco
(2013) e no fundamento teórico de ensino dialógico alteritário discutido por Sobral;
Giacomelli (2018, 2020, 2021). Para desenvolver a pesquisa, foi realizado um
questionário com professores da rede municipal de ensino de Jaguarão, a fim de
verificar como o ensino ocorre atualmente. A partir das teorias, foi realizado um quadro
comparativo com a educação dialógica alteritária, que propomos nesse trabalho.
Percebemos que as aulas pouco se relacionam com a concepção dialógica alteritária,
tendo em vista que o centro do processo ainda é o professor e o conteúdo. As
interações aluno-aluno e aluno-professor que deveriam ocorrer para que se
trabalhasse nessa perspectiva, pouco ocorrem. Geralmente, os conteúdos são dados
pelas mantenedoras e seguidos, sem que se pense nas particularidades de cada
grupo, sem que se observem conhecimentos prévios linguísticos e culturais dos
alunos. A teoria dialógica alteritária apresenta uma base teórica consistente, na
medida em que apresenta uma proposta mais humana, inclusiva, com interação real
entre os alunos. Três pilares dessa proposta são a alteridade, a dialogicidade e a
responsabilidade ética na interação. A partir desses três pontos é possível transformar
os espaços pedagógicos em construção conjunta de sentidos, em que o ensino da
língua não é só a transmissão de conteúdos, palavras isoladas e frases
descontextualizadas, mas sim um processo de interação real e autêntico entre os
sujeitos.